O analista na instituição escolar: um lugar de extimidade?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v30i2p202-221

Palavras-chave:

psicanálise, extimidade, psicologia escolar

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre o lugar do psicanalista na instituição escolar. Para fazer essa reflexão, realiza um breve percurso histórico sobre a presença do psicólogo nas escolas, ponderando como a sua atuação, atrelada ao discurso médico, contribuiu para a segregação e a produção do fracasso escolar. Conclui que, mesmo que a psicologia escolar no Brasil tenha produzido vasta leitura crítica sobre a sua atuação inicial, percebe-se atualmente uma retomada do discurso médico como determinante na leitura dos sintomas escolares, desconsiderando os diversos fatores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Finalmente, o artigo analisa as especificidades da associação da psicanálise com a educação, marcada pelo encontro de dois impossíveis, e apresenta o conceito de extimidade como norteador para se pensar o lugar do psicanalista na instituição escolar.

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Biografia do Autor

  • Paula Cristina Barbosa de Carvalho Tavares, Universidade Federal de Minas Gerais

    Psicóloga da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil.

  • Nádia Laguárdia de Lima, Universidade Federal de Minas Gerais

    Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil.

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Publicado

2025-08-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Tavares, P. C. B. de C. ., & Lima, N. L. de . (2025). O analista na instituição escolar: um lugar de extimidade?. Estilos Da Clinica, 30(2), 202-221. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v30i2p202-221