Farinha de mandioca: salvaguarda das culturas alimentares desde o tratado descritivo do Brasil a indicação geográfica
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194191Palavras-chave:
Cultura alimentar, Saberes e práticas alimentares, Farinha de mandioca, Tratado descritivo do Brasil, Indicação geográficaResumo
O artigo analisa o ato de nomear elementos das culturas alimentares de um povo como forma de salvaguarda das culturas populares. Analisam-se as culturas alimentares da farinha de mandioca, a partir de sua nomeação em dois pontos separados por 434 anos: as menções no Tratado Descritivo do Brasil, de 1587; e a Indicação Geográfica (IG), de 2021. Partindo da língua como um produto de uma série de transformações que ocorrem ao longo do tempo, salientam-se as implicações do nomear no período colonial e nos dias atuais, entendendo-a como instrumento para preservação, proteção e viabilidade econômica das culturas alimentares da farinha de mandioca.
Downloads
Referências
John Langshaw. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre, Artes Médicas,1990.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico do Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Disponível em https://journals.openedition.org/nuevomundo/354. Acesso em 12 de julho de 2021.
BENVENISTE, Émile. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de Lingüística Geral I. 4. ed. Campinas: Pontes, 2008. [1. ed.: 1958].
BÁEZ, Tobar Oswaldo. Defensa del maíz nativo en México: una lección para América Latina. 2017. Disponivel em: https://www.biodiversidadla.org/Documentos/Defensa_del_maiz_nativo_en_Mexico_una_leccion_para_America_Latina. Acesso 11 de agosto de 2021.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 3551, de 4 de agosto de 2000. Brasília, DF, Diário Oficial da União, 2000. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3551.htm. Acesso em 24 de julho de 2021.
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 1997.
CASCUDO. Câmara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2007. p. 93-106.
CORTAZZI, M. Narrative Analysis in Ethnography. In: Handbook of Ethnography. SAGE Publications. pp. 384-394, 2001.
DaMATTA, Roberto. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. Correio da Unesco, 15, p. 21-23, 1987.
FARIAS, Valmir de Sousa. Mandioca: valor histórico, cultural e gastronômico / Valmir de Sousa Farias, José Teixeira de Seixas Filho, Maria Geralda de Miranda. – Rio de Janeiro, RJ: Epitaya, 2019. 69 p. Disponível em https://portal.epitaya.com.br/index.php/ebooks/issue/view/15. Acesso em 15 de agosto de 2021.
GADOTTI, Moacir. A dialética: concepção e método in: Concepção Dialética da Educação. 7 ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1990. p. 15-38. (26-27).
GUIMARÃES, Francisco Alfredo Morais. A cultura da mandioca no Brasil e no mundo: um caso de roubo da história dos povos indígenas. Encontro Estadual de História, VIII, Feria de Santana, p.1-11. 2016.
HAESBAERT, Rogério. Território e descolonialidade: sobre o giro (multi) territorial/de(s) colonial na América Latina.1a ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO ; Niterói : Programa de Pós-Graduação em Geografía; Universidade Federal Fluminense, 2021.
HAMMERSELEY, M. e ATKINSON, P. Ethnography: principles in practice. London; New York: Routledge, 2010.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. 2.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, Ed., 1975.
KUSCH, Rodolfo. Geocultura del hombre americano. Buenos Aires: Fernando García Cambeiro, 1976.
LANDER, Edgardo (org). La colonialidad del saber. Eurocentrismo y Ciencias Sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2003.
LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 1961.
LINDLEY, Thomas. Narrativa de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1969. Disponível em https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/390/1/343%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf Acesso em 19 de julho de 2021.
MENESES, José Newton Coelho. Queijo artesanal de Minas: patrimônio cultural do Brasil. Belo Horizonte: IPHAN, 2006. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_modo_fazer_queijo_minas.pdf. Acesso em 09 de agosto de 2021.
MENEZES, Sônia de Souza Mendonça; ALMEIDA, Maria Geralda de. Pamonha, identity food and territoriality. Mercator, Fortaleza, v. 20, dec. p. 1-15, 2020.
OLIVER, Buesa; UTRILLA, Enguita. Léxico del español de América: su elemento patrimonial e indígena, Madrid, Mapfre, 1992, p. 51 - 183.
PLATÃO. Diálogos. Teeteto Crátilo. 3. ed. Belém: UFPA, 2001.
PRÚSSIA, Adalberto. Brasil: Amazonas-Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, Argentina: Ed. CLACSO, sept. 2005. p.227-278 (Colección Sur Sur).
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial,2003. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/240971639_Por_uma_linguistica_critica_linguagem_identidade_e_questao_etica. Acesso em 08 de agosto de 2021.
RODRIGUES, Jaime. “De farinha, bendito seja Deus, estamos por agora muito bem”: uma história da mandioca em perspectiva atlântica. Revista Brasileira de História, v. 37, n. 75, p. 69-95, 2017. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbh/a/ZCM7CZ5hBFdC6GQyG7h4sqv/abstract/?lang=pt Acesso em 25 de julho de 2021.
SANTILLI, Juliana. O reconhecimento de comidas, saberes e práticas alimentares como patrimônio cultural imaterial. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 10, n. 3, p. 585-606, 2015. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/16054 Acesso em 17 de julho de 2021.
SARGENTINI, Vanice; NAVARRO-BARBOSA, Pedro (orgs.). Michel Foucault e os domínios da linguagem - discurso, poder, subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004.
SOUSA, Gabriel Soares. Tratado descritivo do Brasil. 1587. p. 172 - 181.
VIANA, Nildo. Linguagem, discurso e poder: ensaios sobre linguagem e sociedade. Pará de Minas: Virtual Books, 2009.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Gabriele Tres Maniezo, Gilvan C. C. de Araújo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Ao submeter qualquer material científico para Extraprensa, o autor, doravante criador, aceita licenciar seu trabalho dentro das atribuições do Creative Commons, na qual seu trabalho pode ser acessado e citado por outro autor em um eventual trabalho, porém obriga a manutenção de todos os autores que compõem a obra integral, inclusive aqueles que serviram de base para o primeiro.
Toda obra aqui publicada encontra-se titulada sob as seguintes categorias da Licença Creative Commons (by/nc/nd):
- Atribuição (de todos os autores que compõem a obra);
- Uso não comercial em quaisquer hipóteses;
- Proibição de obras derivadas (o trabalho não poderá ser reescrito por terceiros. Apenas textos originais são considerados);
- Distribuição, exibição e cópia ilimitada por qualquer meio, desde que nenhum custo financeiro seja repassado.
Em nenhuma ocasião a licença de Extraprensa poderá ser revertida para outro padrão, exceto uma nova atualização do sistema Creative Commons (a partir da versão 3.0). Em caso de não concordar com esta política de Direito Autoral, o autor não poderá publicar neste espaço o seu trabalho, sob pena de o mesmo ser removido do conteúdo de Extraprensa.