Experiências heterotópicas nas trajetórias de imigrantes cubanos: pistas de uma pesquisa de campo
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.198888Palavras-chave:
Experiência migratória, Heterotopia, Transformação individual e coletiva, Cuba, CanadáResumo
Este artigo aborda as relações e vínculos transnacionais e diaspóricos da comunidade cubana no Canadá, de modo compreender as articulações entre os processos migratórios de longa data (meio século da Revolução de 1959), que configuram uma “cultura migratória” cubana, e as transformações midiáticas e comunicacionais que possibilitam uma forma de vida transnacional. A partir de uma pesquisa de inspiração etnográfica realizada entre 2019 e 2021, destacamos as assimetrias, diferenças e vulnerabilidades que estruturam a experiência migratória de cubanos, ressaltando a constante elaboração de novos vínculos, e a conformação de subjetividades outras; sobretudo no contexto atual de adensamento de fluxos humanos e digitais. O conceito de heterotopia de Foucault é acionado para definir: a) a elaboração de espaços de refazimento identitário de cubanos que hoje vivem no Canadá (os vínculos que se conformam em um restaurante, a produção de mensagens em redes sociais e as tatuagens encontradas no corpo de um migrante); e b) uma atitude de abertura aos efeitos que as interações do trabalho de campo podem gerar no processo de mapeamento de laços afetivos em fluxos transfronteiriços.
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