O anímico mecânico e o visível orgânico: a moderna abordagem do ser vivo no mecanicismo e na história natural

Autores

  • Adriano Perin Instituto Federal de Santa Catarina -Campus Criciúma https://orcid.org/0000-0003-2071-6244
  • Erica Mastella Benincá Instituto Federal de Santa Catarina - Campus Criciúma
  • Mariana Nunes Teixeira Instituto Federal de Santa Catarina - Campus Criciúma

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v15i2p137-157

Palavras-chave:

Mecanicismo, História natural, Domínio orgânico, Idade moderna, Biologia

Resumo

Este artigo aborda a consideração dos seres vivos pelos teóricos do mecanicismo e da história natural, com o objetivo de esclarecer os precedentes da autonomia científica posteriormente concedida à biologia. A primeira seção pondera sobre a abordagem mecanicista, quanto à sua substituição moderna da teoria animista e às suas especificações no pensamento de René Descartes (1596-1650) e Robert Boyle (1627-1691). A segunda seção toma em apreço a metodologia de observação do visível levada a cabo pelos teóricos da História natural, quanto aos elementos que possibilitaram o seu surgimento, à sua estru-tura, ao seu caráter observacional assistemático e ao seu método específico. A conclusão apresentada é a de que as abordagens de mecânica e observacional dos seres vivos nos séculos XVII e XVIII contribuíram para a posterior constituição da biologia como campo de estudo.

Biografia do Autor

  • Mariana Nunes Teixeira, Instituto Federal de Santa Catarina - Campus Criciúma

    Estudante do Curso Técnico Integrado em Edificações no Instituto Federal de Santa Catarina.

Referências

ALDROVANDI, Vlyssis. De quadrupedibus digitatis viviparis. Bologna: Nicolaum Tebaldinum, 1637.

AQUINO, Tomás de. Commentary on Aristotle’s De Anima. [1268]. Trad. Kenelm Foster; Silvester Humphries. South Bend: St Augustine’s Press, 1994.

ARISTÓTELES. De anima. [Sec. IV a. C.]. Trad. Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Ed. 34, 2006.

ASHWORTH, William B. Emblematic natural history of the Renaissance. Pp. 17-81, in: JARDINE, Nicholas; SECORD, James A.; SPARY, Emma C. (eds.). Cultures of natural history. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

ATRAN, Scott. Origin of the species and genus concepts: an anthropological perspective. Journal of the History of Biology, 20 (2): 195-279, 1987.

BACON, Francis. The new organon. [1620]. JARDINE, Lisa; SILVERTHORNE, Michael (eds.). Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

CAMARGO, David Ferreira. Desenvolvimento da ideia de sensibilidade em Diderot: o sonho de d'Alembert e o paradoxo sobre o comediante. São Carlos, 2016. Dissertação (mestrado em Filosofia) – Universidade federal de São Carlos.

BOYLE, Robert. A free enquiry into the vulgarly received notion of nature. DAVIS, Edward B.; HUNTER, Michael (eds.). Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

DESCARTES, René. Discurso do método & Ensaios [1637]. Trad. César Augusto Battisti, Érico Andrade, Guilherme Rodrigues Neto, Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli, Pablo Rubén Ma-riconda, Paulo Tadeu da Silva. São Paulo: UNESP, 2018.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FREZZATI JR. Haeckel e Nietzsche: aspectos da crítica ao mecanicismo no século XIX. Scientiae Studia, 1 (4): 435-461, 2003.

GEST, Howard. The discovery of microorganisms revisited. ASM News, 70 (6): 269-274, 2004.

GREENE, Marjorie Hatfield; DEPEW, David. The philosophy of biology: an episodic history. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

JACOB, Francois. A lógica da vida: uma história da hereditariedade. Trad. Ângela Lourenio de Souza. 2 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2001.

MALEBRANCHE, Nicolas. The search after truth. Trad. Thomas M. Lennon; Paul J. Olscamp. Columbus: the Ohio State University Press. 1980.

MARTINS-DA-SILVA, Regina Célia Viana; FERNANDES, M. M.; MARGALHO. L. F. Noções morfológicos e taxonômicas para identificação botânica. Belém: Embrapa, 2014.

MAYR, Ernst. Biologia, ciência única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. Trad. Marcelo Leite. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

PLATÃO, Sofista. [Séc. IV a. C.] Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2014.

RAMOS, Maurício de Carvalho. O ser vivo. São Paulo: Martins Fon-tes, 2010.

RAMOS, Maurício de Carvalho. Uma abordagem filosófica dos problemas da biologia em seu contexto histórico: Mecanicismo e Vitalismo. Pp. 161-172, in: CARVALHO, Marcelo; CORNELLI, Gabriele. Filosofia: conhecimento e linguagem. Cuiabá: Central de texto, 2013.

RICHARDS, Robert J. Kant and Blumenbach on the Bildungstrieb: a historical misunderstanding. Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences, 31 (1): 11–32, 2000.

SANTOS, Leonel Ribeiro. A formação do pensamento biológico de Kant. Pp. 17-81, in: MARQUES, Ubirajara Rancan de Azevedo (org.). Kant e a biologia. São Paulo: Barcarolla, 2012.

SHELDRAKE, Rupert. Uma nova ciência da vida: a hipótese da causação formativa e os problemas não resolvidos da biologia. Trad. Marcelo Borges. São Paulo: Cultriz, 2013.

WAISSE, Silvia; AMARAL, Maria Thereza Cera Galvão do; ALFONSO-GOLDFARB, Ana M. Raízes do Vitalismo francês: Bordeu e Barthez, entre Paris e Montpellier. História, Ciências, Saúde, 18 (3): 625-640, 2011.

WALAEUS, Johannes. Epistola prima de motu chyli et sanguinis. Pp. 531-565, in: BARTHOLIN, Thomas. Anatomia reformata. The Hague: Adrianus Vlacq, 1655.

ZAMMITO, John H. The gestation of German biology: philosophy and physiology from Stahl to Schelling. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2018.

Downloads

Publicado

2020-12-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

PERIN , Adriano; BENINCÁ , Erica Mastella; TEIXEIRA, Mariana Nunes. O anímico mecânico e o visível orgânico: a moderna abordagem do ser vivo no mecanicismo e na história natural . Filosofia e História da Biologia , São Paulo, Brasil, v. 15, n. 2, p. 137–157, 2020. DOI: 10.11606/issn.2178-6224v15i2p137-157. Disponível em: https://revistas.usp.br/fhb/article/view/fhb-v15-n2-01.. Acesso em: 21 nov. 2024.