A controvérsia sobre as estradas paralelas de Glen Roy: uma justificação dos procedimentos de Darwin
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v18i1p59-72Palavras-chave:
Estradas paralelas de Glen Roy, Controvérsias científicas, História da biologia, Charles DarwinResumo
Uma importante categoria filosófica conceitual para a compreensão de uma produção científica é a noção de autoridade cognitiva; autoridades atuam como agentes causais de certas produções científicas. A historiografia costuma dar muita atenção a influências que redundam em casos de sucesso científico. No entanto, há um caso na história da biologia em que o uso de autoridades cognitivas resultou em um fracasso teórico: a derrota de Charles Darwin (1809-1882) para o geólogo suíço Louis Agassiz, (1807-1873) na controvérsia sobre as “estradas paralelas de Glen Roy”, um fenômeno geológico natural que se tornou um problema científico. Darwin, em suas investigações, empregou diversas autoridades cognitivas como por exemplo, William Whewell (1794-1866) e Charles Lyell (1797-1875) e considerou várias hipóteses, mas não a de Agassiz, já disponível na literatura, fazendo uso do “princípio da exclusão”. O objetivo deste artigo é mostrar que Darwin estava justificado em proceder como procedeu, devido exatamente às suas fontes, autoridades impecáveis em ciência.
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