Ocorrência de processos fonológicos na formação de blends do português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i1p117-132Palavras-chave:
Blend, Haplologia, Processos FonológicosResumo
A dinamicidade das línguas naturais proporciona que fenômenos linguísticos sejam criados a todo tempo. A morfologia e a fonologia são dois campos que investigam a existência de tais fenômenos. Entre os fenômenos morfológicos ditos não concatenativos (cf. BEVILACQUA; SILVA, 2021), há o blend que cria palavras com supressão segmental e/ou silábica. O processo pode ser formado sem semelhança fônica entre as bases, a exemplo de portunhol (português + espanhol), bem como pode apresentar alguma semelhança, como em carnatal (carnaval + natal). Neste segundo exemplo, as sílabas /na/, presentes em ambas as bases, são idênticas e passam por algum tipo de supressão ou fusão. Essa peculiaridade se parece muito com um processo fonológico conhecido como haplologia que se constitui a partir de duas sílabas contíguas e idênticas (CAMARA JR, 1986) ou similares (BATTISTI, 2005). Sendo, então, blend e haplologia, dois processos que podem incidir sobre a sílaba, levantamos o seguinte questionamento: é possível que os blends possam desencadear processos fonológicos, como a haplologia? Nossa hipótese é a de que determinados blends poderiam apresentar ocorrência da haplologia, quando compartilhassem material fonológico entre si. Objetivamos, portanto, verificar a ocorrência da haplologia na operação morfológica como forma de compreender de que maneira o fenômeno fonológico é acionado nos blends.
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