Sândi vocálico externo em português brasileiro: elisão, ditongação e coalescência

Autores

  • Magnun Rochel Madruga Universidade Federal de Minas Gerais
  • Guilherme Gonçalves Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p261-284

Palavras-chave:

Sândi vocálico externo, Coalescência, Elisão, Degeminação, Ditongação

Resumo

O estudo apresenta resultados experimentais de uma análise fonético-acústica da elisão da vogal baixa /a/ por sândi vocálico externo no português brasileiro (PB) (BISOL, 1992). A pesquisa adotou o protocolo de leitura de sentenças-veículo, conforme descrito em Albano (2001) e Meneses (2016). Participaram do experimento oito falantes nativos do PB.  O encontro vocálico foi controlado para manter o contexto favorecedor da elisão: vogal baixa /a/ átona em final de palavra seguida de [i] ou [u] átonos. A estrutura de juntura favorável à elisão resultou em três padrões de produção: elisão, ditongo decrescente e coalescência. O padrão coalescente é inédito sobre o sândi em PB, no qual emerge uma vogal [e] ou [o] das sequências /a##i/ ou /a##u/. Definimos como coalescência casos em que a vogal resultante do sândi apresentava padrão formântico de monotongos  com características das vogais médias [e] ou [o]. Além de interpretar os resultados experimentais sobre o sândi vocálico, apresentamos uma análise fonológica que (i) incorpora a coalescência como subprocesso de elisão e  (ii) elimina a degeminação como processo de sândi vocálico externo. A proposta revela um sistema de operações fonológicas mais econômicas e mais ajustadas ao que se observa à realidade fonética. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Abaurre MBM. Acento frasal e processos fonológicos segmentais. Letras de Hoje. 1996;31(2). Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/fale/article/view/15591.

Albano EC. O português brasileiro e as controvérsias da fonética atual: pelo aperfeiçoamento da fonologia articulatória. DELTA. 1999;15:23-50. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-44501999000300002.

Albano EC. O gesto e suas bordas: esboço de fonologia acústico-articulatória do português brasileiro. Campinas: ALB; 2001.

Balduino AM. Fonologia do português de São Tomé e Príncipe [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2022. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/003104817.

Barbosa PA, Finardi A, Silva AP, Lucente L. Harmonia vocálica e coarticulação vogal a vogal em duas variedades do português brasileiro. DELTA. 2019;35. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-460X2019350202.

Bisol L. A elisão, uma regra variável. Letras de Hoje. 2000;35(1):319-30. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/fale/article/view/14770

Bisol L. O sândi e a ressilabação. Letras de Hoje. 1996;31(2):159-68. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/fale/article/view/15601

Bisol L. Sândi externo: o processo e a variação. In: Kato M, organizadora. Gramática do português falado: convergências. Campinas: Unicamp; 1994. Vol. V. p. 55-96.

Bisol L. Sândi vocálico externo. In: Ilari R, organizador. Gramática do português falado II. Campinas: Editora da Unicamp; 1993. p. 21-38.

Bisol L. Sândi vocálico externo: degeminação e elisão. Caderno de Estudos Linguísticos. 1992;23:83-101. Disponível em: https://doi.org/10.20396/cel.v23i0.8636847

Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer [programa de computador]. Versão 6.6.22. 2022. Disponível em: http://www.praat.org/.

Fant G. Acoustic theory of speech production. The Hague: Mouton; 1960. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110873429.

Flemming E. The phonetics of schwa vowels. Phonological weakness in English. 2009;493:78-95. Disponível em: https://web.mit.edu/flemming/www/paper/schwaphonetics.pdf.

Herslund M. Portuguese sandhi phenomena. In: Andersen H, editor. Sandhi phenomena in the languages of Europe. Berlin; New York; Amsterdam: Mouton de Gruyter; 1986. Disponível em: https://doi.org/10.1515/9783110858532

Kenstowicz M., Sandalo F. Pretonic vowel reduction in Brazilian Portuguese: harmony and dispersion. J Port Linguist. 2016;15(6). Disponível em: https://jpl.letras.ulisboa.pt/article/id/5642/.

Madruga MR. The phonetics and phonology of Brazilian Portuguese [ATR] harmony: a fonética e fonologia da harmonia de [ATR] no português brasileiro [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2017. Disponível em: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2017.995493.

Madruga MR, Abaurre MBM. Restrições fonotáticas de onset e ditongos crescentes em português. Rev. ABRALIN. 2015;14(1):339-77. Disponível em: https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/1244.

Madruga MR, Hamann S, Abaurre MBM. Gradient and categorical assimilation of pretonic vowels in Brazilian Portuguese. J Port Linguist. 2020;19(1):12. DOI: https://doi.org/10.5334/jpl.234.

Meneses F. Uma visão dinâmica dos processos de apagamento de vogais no português brasileiro [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2017. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/976203.

Nogueira MV. Aspectos segmentais dos processos de sândi vocálico externo no falar de São Paulo [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-12112007-150159/es.php.

Paulino NMR. Fenómenos de sândi vocálico em variedades do português europeu [dissertação]. Lisboa: Universidade de Lisboa; 2016. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/26025.

R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing; 2023. Disponível em: https://www.R-project.org/.

Tenani L. Considerações sobre a relação entre processos de sândi e ritmo. Estud Lingua(gem). 2006;5(1):105-22. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/1011.

Tenani L. Domínios prosódicos no português do Brasil: implicações para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2002. Disponível em: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2002.253138.

Tenani L. O bloqueio do sândi vocálico em PB e em PE: evidências da frase fonológica. Organon. 2004;18(36). Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/31151.

Van Oostendorp M. A theory of morphosyntactic colours [manuscript]. Meertens Institute; 2006. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Marc_Oostendorp.

Van Oostendorp M. Derived environment effects and consistency of exponence. Freedom of analysis. 2007;95:123-48. DOI: 10.1515/9783110198591.123.

Vianna P. Sândi vocálico externo: o processo e a variação na cidade de Florianópolis - SC [dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/18353.

Zaleska J. Coalescence as autosegmental spreading and delinking. Phonology. 2020;37(4):697-735. DOI: https://doi.org/10.1017/S0952675720000317.

Downloads

Publicado

2024-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Madruga, M. R., & Gonçalves, G. . (2024). Sândi vocálico externo em português brasileiro: elisão, ditongação e coalescência. Filologia E Linguística Portuguesa, 26(2), 261-284. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p261-284