Coleção etnográfica de escravos africanos do extremo sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2024.209803

Palavras-chave:

Antropologia, Religiões Afro-brasileiras, Coleções Etnográficas, Museus

Resumo

Há três décadas as coleções etnográficas em museus foram alvo de críticas que problematizavam sua formação e suas narrativas sobre os grupos a elas associadas. Esse debate se configura de diferentes formas. Muitas coleções foram (e ainda são) marcadas pelo colonialismo. Outras se constituíram no âmbito de pesquisas antropológicas. Paulatinamente processos de descolonização as reconfiguraram. Nesse sentido, antropólogos/as e outros profissionais passaram a incorporar fazeres e saberes dos sujeitos/coletivos investigados. Práticas mais dialógicas incluem os grupos como sujeitos em processos que reverberam novas formas de coletar, documentar, preservar e exibir as coleções.Diferentes são os avanços e desafios. Essas práticas se ancoram numa nova ética pautada pela efetiva participação das comunidades. Como sistematizar e incorporar as contribuições de pesquisadores, especialmente antropólogos/as, na construção destes novos paradigmas? Este artigo propõe articulações com uma coleção brasileira preservada em Berlim, Alemanha.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Ana Paula Lima Silveira, Universidade Federal de Pelotas

    Bacharel em Ciências Sociais (2005) e licenciada em Ciências Sociais (2006) pela UFPel - Universidade Federal de Pelotas. Mestre em Antropologia Social (2008) pela UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2009, foi agraciada com Honra ao Mérito no Prêmio Construindo Igualdade de Gênero, por sua dissertação de mestrado. De 2009 a 2012 foi pesquisadora visitante na Alemanha (Universidade de Tübingen e Universidade Livre de Berlim), tendo atuado ainda junto ao Ludwig-Uhland-Institut für Empirische Kulturwissenschaften (LUI-EKW-Universität Tübingen), ao Ibero Amerikanisches Institut (Berlim), ao Ethnologisches Museum (Berlim) e ao Lateinamerika Institut (Freie Universität Berlin). Tem experiência na área de Antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: religiões afro-brasileiras, gênero e música ritual. Atualmente se dedica também às temáticas de Museus, Arquivos e Acervos (Coleções Etnográficas e Espólios Especiais). Atua em projetos de cooperação internacional, relações bilaterais Brasil-Alemanha. Ingressou em 2022 como doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) da Universidade Federal de Pelotas.

    Link CV Lattes:

    http://lattes.cnpq.br/1342742724881052

Referências

Appadurai, Arjun. “Archive and Aspiration”. In: Brouwer, Joke; Mulder, Arjen (ed.).InformationisAlive. Rotterdam: V2_Publishing/NAI Publishers, 2003. Disponível em: www.appadurai.com/pdf/arch_asp.pdf. Acesso em: 27 de maio 2011.

Bastide, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1971. [1960]

Bastide, Roger. Estudos Afro-Brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973. [1953]

Bastide, Roger. The African Religions of Brazil. Toward a Sociology of the Interpenetration of Civilizations. Baltimore & London: John Hopkins University Press, 1978.

Boas, Franz. Antropologia Cultural. 6ª ed. (Tradução Celso Castro). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.

Bolz, Peter. „Feldforschung in Berlin: Yup’ik-Älteste erforschen ihre eigene Kultur im Ethnologischen Museum“. In: Baessler-Archiv N.F.52, p. 209-212, 2004.

Cacciatore, Olga Gudolle. Dicionário de cultos afro-brasileiros. Com origem das palavras. Rio de Janeiro: Forense Universitária, Instituto Estadual do Livro, 1977.

Castro, Celso & Cunha, Olívia Maria Gomes da. “Quando o campo é o arquivo”. In: Estudos Históricos n° 36, p. 3-5, Rio de Janeiro, 2005.

Clifford, James. “Museums as contact zones”. In: Routes, Travel and Translation in the late twentieth century. Cambridge, Massachussetts e Londres: Harvard University Press, 1997.

Corrêa, Norton F. Os vivos, os mortos e os deuses: um estudo antropológico sobre o batuque do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UFRGS), 1988.

Corrêa, Norton F. “Panorama das Religiões Afro-Brasileiras do Rio Grande do Sul”. In: Oro, Ari Pedro (org.). As religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1994. p. 9-46.

Costa, Maria Cristina C. “Etnografia de arquivos – entre o passado e o presente”. In: Matrizes Ano 3, Nº 2, jan./jul., 2010, p. 171-186.

Cunha, Olívia Maria Gomes da. “Tempo Imperfeito: uma etnografia de arquivo”. In: Mana 10(2), p.287-322, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v10n2/25162.pdf.

Cunha, Olívia Maria Gomes da. “Do ponto de vista de quem? Diálogos, olhares e etnografia do/nos arquivos”. In: Estudos Históricos n° 36, p.7-32, Rio de Janeiro, 2005.

Dos Anjos, José Carlos Gomes. No território da Linha Cruzada: A cosmopolítica afro-brasileira. Porto Alegre: Ed. UFRGS e Fundação Cultural Palmares, 2006. [1993]

Dülmen, Richard van. Historische Anthropologie. 2. Aufl. (UTB für Wissenschaft, 2254).

Köln, Weimar, Wien: Böhlau, 2001. Eisleb, Dieter. „Abteilung Amerikanische Archäologie“. In: 100 Jahre Museum für Völkerkunde Berlin. Baessler-Archiv N.F. XXI, 1973. p. 175-217.

Fienup-Riordan, Ann. The Living Tradition of Yup'ik Masks: Agayuliyararput (Our Way of Making Prayer). Seattle, London: University of Washington Press, 1996.

Fienup-Riordan, Ann. “Yup'ik Elders in Museums: Fieldwork Turned on Its Head”. In: Arctic Anthropology Vol. 35, N°2, No Boundaries: Papers in Honor of James W. Vanstone (1998), p. 49-58. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/40316487.

Fienup-Riordan, Ann. “Yup'ik Elders in Museums: Fieldwork Turned on Its Head”. In: Laura Peers and Alison K. Brown (eds.). Museums and sources communities: A Routledge Reader. London, New York: Routledge, 2003, p. 28-41.

Fienup-Riordan, Ann. (ed.). Ciuliamta Akluit/ Things of our Ancestors: Yup'ik Elders explore the Jacobsen Collection at the Ethnologisches Museum Berlin. (Translated by Marie Meade). Seattle, London: University of Washington Press, 2005a.

Fienup-Riordan, Ann. Yup'ik Elders at the Ethnologisches Museum Berlin. Fieldwork Turned on Its Head. (Foreword by Peter Bolz). Seattle, London: University of Washington Press, 2005b.

Fischer, Manuela; Bolz, Peter and Susan Kamel (Eds.). Adolf Bastian and His Universal Archive of Humanity. The Origins of German Anthropology. Hildesheim, Zürich, New York: Georg Olms Verlag, 2007.

Fonseca, Maria Cecília L. A salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no Iphan: antecedentes, realizações e desafios. In: SCHLEE, Andrey R. (org.) Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacioanl, n°35, 2017. p. 158-170.

Frank, Erwin H. “Viajar é preciso. Theodor Koch-Grünberg e a Völkerkunde alemã do século XIX”. In: Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 2005, v. 48, n° 2, p.559-584.

Ginzburg, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2ª ed./4a reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Goldstein, Ilana. “Reflexões sobre a arte ‘primitiva’: o caso do Musée Branly”. In: Horizontes Antropológicos, Porto Alegre ano 14, n. 29, p. 279-314, jan./jun. 2008.

Haas, Richard. „Brasilien an der Spree: Zweihundert Jahre ethnographische Sammlungen in Berlin“. In: Veröffentlichungen des Ethnologischen Museums Berlin, N.F.71, Deutsche am Amazonas - Forscher oder Abenteurer?: Expeditionen in Brasilien 1800 bis 1914. Staatliche Museen zu Berlin - Preuβischer Kulturbesitz, Ethnologisches Museum. 2., unveränd. Aufl. Berlin: Lit Verlag, 2005. p.16-25. [2002]

Hartmann, Horst. „Abteilung Amerikanische Naturvölker“. In: 100 Jahre Museum für Völkerkunde Berlin. Baessler-Archiv N.F. XXI, 1973. p. 219-258.

Hermannstädter, Anita. „Brasilien - Land der Zukunft. Naturkundliche Expeditionen 1800-1831“. In: Veröffentlichungen des Ethnologischen Museums Berlin, N.F. 71, Deutsche am Amazonas - Forscher oder Abenteurer?: Expeditionen in Brasilien 1800 bis 1914. Staatliche Museen zu Berlin - Preuβischer Kulturbesitz, Ethnologisches Museum. 2., unveränd. Aufl. Berlin: Lit Verlag, 2005. p. 26-43. [2002]

Veröffentlichungen des Ethnologischen Museums Berlin. „Symbole kollektiven Denken. Adolf Bastians Theorie der Dinge“. In: Idem, ibidem. p. 44-55.

Veröffentlichungen des Ethnologischen Museums Berlin. „Abenteuer Ethnologie: Karl von den Steinen und die Xingú-Expeditionen“. In: Idem, ibidem. p. 66-85.

Veröffentlichungen des Ethnologischen Museums Berlin. „Eine vergessene Expedition. Wilhelm Kissenberth am Rio Araguaya 1908-1910“. In: Idem, ibidem. p. 106- 131.

Hermannstädter, Anita. „Deutsche am Amazonas – Forscher oder Abenteurer? Expeditionen in Brasilien 1800- 1914. Auseinandersetzung mit fremdem Lebenswelten. Sonderausstellung im Ethnologischen Museum Berlin vom 18.4.-10.11.2002“. In: Deutsch-Brasilianische Hefte. Tópicos 3/2002. Berlin, Bonn: eine Publikation der Deutsch-Brasilianischen Gesellschaft e.V. und des Lateinamerika-Zentrums, 2002, p. 22-25.

Herskovits, Melville. “Deuses Africanos em Porto Alegre”. In: Revista Província de São Pedro, n°. 11 (marjun). Porto Alegre: Ed. Globo, 1948. p. 63-70.

Junge, Peter (Org.). Museum Guide. Ethnologisches Museum Berlin. Berlin: Prestel Verlag, 2007.

Karg, Silke. „Afro-brasilianische Kultobjekte aus Rio Grande do Sul – die Sammlung Pietzcker“. In: BaesslerArchiv Band 55. Berlim: Dietrich Reimer Verlag, 2007. p. 19-41.

Karp, Ivan and Lavine, Steven D. (Eds.). Exhibiting cultures: the poetics and politics of museum display. Washington: 1991. 14

Karp, Ivan and Lavine, Steven D. Museums and communities: the politics of public culture. Washington [u.a.]: Smithsonian Institution Pr., 1993.

König, Viola. „(Ein)Sammeln, (Ab)Kaufen, (Aus)Rauben, (Weg)Tauschen: Zeitgeist und Methode ethnographischer Sammlungstätigkeit in Berlin“. In: Lob zum Sammeln. 2005.

Köpping, Klaus-Peter. Adolf Bastian and the Psychic Unity of Mankind. The Foundations of Anthropology in Nineteenth Century Germany. St. Lucia/London/New York, 1983.

Laytano, Dante de. “O Negro no Rio Grande do Sul”. In: Estudos-Ibero-Americanos 21(1), 1995, p.119-160.

Maestri Filho, Mário José. O escravo no Rio Grande do Sul. A charqueada e a gênese do escravismo gaúcho. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1984.

Marcus, George E. “Contemporary Problems of Ethnography in the Modern World System”. In: Clifford, James & Marcus, George (Eds.). Writing Culture: The Poetics and Politics of Ethnography, pp. 165-193. Berkeley, CA: University of California Press, 1986.

Clifford, James & Marcus, George. “Ethnography in/of the World System: The Emergence of Multi-Sited Ethnographies”. In: Annual Review of Anthropology 24, 1995, p. 95-117.

Oro, Ari Pedro (Org.). As religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1994.

Oro, Ari Pedro. Axé Mercosul. As religiões afro-brasileiras nos países do Prata. Petrópolis: Ed. Vozes 1999.

Oro, Ari Pedro. “Religiões Afro-Brasileiras do Rio Grande do Sul. Passado e Presente”. In: Estudos Afro-Asiáticos Vol. 24, N°2, Rio de Janeiro 2002, p. 345-384.

Peers, Laura and Alison K. Brown (eds.). Museums and sources communities. A Routledge Reader. London, New York: Routledge, 2003.

Penny, Glenn. Objects of culture: Ethnology and ethnographic museums in Imperial Germany. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2002.

Penny, Glenn. 2007. Pinto, Tiago de Oliveira. Capoeira, Samba, Candomblé. Tese de doutorado em Etnomusicologia (1CD Bahia/Brasil). Berlim: Staatliche Museen zu Berlin/Preuβischer Kulturbesitz, 1990.

Penny, Glenn. „Religiöse Kultobjekte afrikanischer Sklaven in Brasilien“. In: Deutsche am Amazonas - Forscher oder Abenteurer?: Expeditionen in Brasilien 1800 bis 1914. Staatliche Museen zu Berlin - Preuβischer Kulturbesitz, Ethnologisches Museum. 2., unveränd. Aufl. Berlin: Lit Verlag, 2005. p. 56-65. [2002]

Porto, Nuno. “O museu e o arquivo do Império”. In: Basto, Cristiana; Almeida, Miguel Vale de. & FeldmanBianco, Bela. Trânsitos Coloniais – diálogos críticos luso-brasileiros. Campinas/SP: UNICAMP, 2007.

Possas, Helga Cristina Gonçalves. “Classificar e ordenar: os gabinetes de curiosidades e a história natural”. In: Figueiredo, Betânia Gonçalves & Vidal, Diana Gonçalves (Orgs.). Museus: dos gabinetes de curiosidades à museologia moderna. Belo Horizonte: Argumentum, 2005. p. 151-162.

Prussat, Margrit. Bilder der Sklaverei: Fotografien der afrikanischen Diaspora in Brasilien 1860-1920.

Reuter, Astrid. Voodo und andere afroamerikanische Religionen. München: Beck, 2003. Sanner, Hans-Ulrich. “Yup'ik Elders at Ethnological Museum Berlin. Towards Cooperation with Native Communities in Exploring Historic Colletions”. In: Fischer, Manuela; Bolz, Peter and Kamel, Susan (eds.). Adolf Bastian and his universal Archive of Humanity. The origins of German Anthropology. Hildesheim, Zürich, New York: Olms Verlag, 2007, p. 285-293. 15

Schmidt, Bettina. “Fetisch”. In: Wörterbuch der Völkerkunde. Grundlegend überarb. und erw. Neuausg. Berlim: Reimer Verlag, 1999, p. 125.

Schwarcz, Lilia K. “A era dos museus de etnografia no Brasil: o Museu Paulista, o Museu Nacional e o Museu Paraense em finais do XIX”. In: Figueiredo, Betânia Gonçalves & Vidal, Diana Gonçalves (Orgs.). Museus: dos gabinetes de curiosidades à museologia moderna. Belo Horizonte: Argumentum, 2005. p. 113-136.

Silveira, Ana Paula Lima. Batuque de Mulheres: Aprontando Tamboreiras de Nação nas Terreiras de Pelotas e Rio Grande, RS. Belo Horizonte: Ed. Dialética, 2020.

SMB – Forschung bei den Staatlichen Museen zu Berlin, 2007. Disponível em: http://www.smb.museum/forschung

Verger, Pierre Fatumbi. Orixás: Deuses iorubás na África e no Novo Mundo. 6ª ed. Salvador: Ed. Corrupio, 2002.

Publicado

2024-08-08

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Silveira, Ana Paula Lima. 2024. “Coleção etnográfica De Escravos Africanos Do Extremo Sul Do Brasil”. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 9 (1): e209803. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2024.209803.