Smartphones e a multiplicidade colaborativa de ‘cinemas imperfeitos’: experiências de produção e circulação de mídias indígenas durante a pandemia de Covid-19

Autores

  • Markus S. Enk Universidade Livre de Bruxelas https://orcid.org/0000-0001-9097-5116
  • Milton Nambikuara Conselho Fiscal da Associação da Comunidade Indígena Manduca (ACOIMA) e Agente de Saúde Indígena (Ministério da Saúde)
  • Myrian Vasquez Tikuna Associação das Mulheres Indígenas Tikuna e Universidade Federal de São Carlos
  • Newi Top'Tiro Associação Warã e Universidade Federal do Piauí

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2024.215440

Palavras-chave:

Cinema, COVID-19, Colaboração, Povos indígenas, Smartphones

Resumo

O artigo-fílmico discute a produção e circulação de mídias indígenas com smartphone durante a pandemia de COVID-19, objeto indispensável para elaboração e divulgação dos resultados. Ele é baseado na experiência e relatos de colaboração entre técnico audiovisual não-indígena com indígenas Nambikuara, Tikuna e Xavante para elaborar três curtas-metragens tematicamente relacionados com a agrobiodiversidade durante evento intitulado Mutirão Vivo Online. O conceito de ‘cinemas imperfeitos’ é instrumentalizado para refletir como smartphones, na sua praticidade e imediatismo em produzir e consumir materiais audiovisuais, promovem formas de soberania midiática em cinemas indígenas. Múltiplas formas de colaborações são descritas a partir de como smartphones são performados, tais como alto-falantes para decisões comunitárias, filmadoras camufladas, sistemas de arquivamento e/ou de transferência audiovisual, telas para visualização de filmes, dentre outras. Argumenta-se que, a partir das adaptações colaborativas das formas de se performar o smartphone, mundos compartilhados são criados e tornados visíveis feito os próprios
resultados fílmicos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Markus S. Enk, Universidade Livre de Bruxelas
    Doutorando da Universidade Livre de Bruxelas (ULB) no Laboratório de Antropologia dos Mundos Contemporâneos (LAMC) e financiado pela Fonds de la Recherche Scientifique (FNRS-FRESH)
  • Milton Nambikuara, Conselho Fiscal da Associação da Comunidade Indígena Manduca (ACOIMA) e Agente de Saúde Indígena (Ministério da Saúde)
    Cacique da Aldeia Verde na Terra Indígena Nambikuara, Conselho Fiscal da Associação da Comunidade Indígena Manduca (ACOIMA) e Agente de Saúde Indígena da Aldeia Verde. Contribuo com meus parentes na conservação da Natureza e na permanência da nossa alimentação tradicional.
  • Myrian Vasquez Tikuna, Associação das Mulheres Indígenas Tikuna e Universidade Federal de São Carlos
    Indígena Tikuna da comunidade Filadélfia na Terra Indígena Santo Antônio, graduanda do curso de Agronomia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atualmente orienta jovens Tikuna pela “Amazônia Stock” junto à Associação Zagaia Amazônia e Associação das Mulheres Indígenas Tikuna (AMIT). É Conselheira Deliberativa e Assessora Indígena da AMIT e atua nesta como Coordenadora do Projeto Empreenda e Renda junto ao Instituto Rede da Mulher Empreendedora (IRME).
  • Newi Top'Tiro, Associação Warã e Universidade Federal do Piauí
    Indígena Xavante da aldeia Abelhinha na Terra Indígena Sangradouro, Mato Grosso/Brasil. É graduanda do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e realizadora (áudio)visual da Associação Warã.

Referências

Carta, Silvio. 2015. “Visual and Experiential Knowledge in Observational Cinema”, Anthrovision [Online], 3(1), DOI: https://doi.org/10.4000/anthrovision.1480

Cesarino, Pedro de Niemeyer. 2016. “Doubles and Owners: Relations of Knowledge, Property and Authorship among the Marubo”, in Ownership and Nurture: Studies in Native Amazonian Property Relations, eds. Marc Brightman, Carlos Fausto and Vanessa Grotti, New York: Bergham Books, p. 186-208

Córdova, Amalia. 2011. “Estéticas enraizadas: aproximaciones al vídeo indígena em América Latina”, Comunicación y Medios, 24, p. 81-107

Espinosa, Julio García. 2019. For an Imperfect Cinema. The Cuba Reader, p.414–21. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv11smxrz.90.

Fausto, Carlos. 1999. “Of Enemies and Pets: Warefare and Shamanism in Amazonia”, American Ethnologist, 26, p. 933-956

______ 2016. “How Much for a Song? The Culture of Calculation and the Calculation of Culture”, in Ownership and Nurture: Studies in Native Amazonian Property Relations, eds. Marc Brightman, Carlos Fausto and Vanessa Grotti, New York: Bergham Books, p.134-155

Frey, Aline and Brito, Thaís. 2020. “Indigenous Cinema in Expansion: Challenges and Promises of an Intercultural Relationship”, Canadian Journal of Film Studies, v.29 (1), p. 163-182

Gallois, Dominique e Carelli, Vincent. 1988. “Índios Eletrônicos: Uma rede indígena de comunicação”, Sexta-Feira: antropologia, arte e humanidades, 2 (‘Festas’), p. 27-31

Ginsburg, Faye. 1994. “Embedded Aesthetics: creating a discursive space for indigenous media”. Cultural Anthropology, 6(1): p.92-112

______ 2016. “Indigenous Media from U-matic to YouTube: media sovereignty in the digital age”. Sociol. Anthropol., 6(3): p. 581-599

Iș ıkman, Nihan. 2018. “A Milestone in Film History: Smartphone Filmmaking”, International Journal of Culture and History, V.4(4), p. 97-101, DOI: http://doi.org/10.18178/ijch.2018.4.4.129

Laet, Marianne de & Mol, Annemarie. 2000. “The Zimbabwe Bush Pump: Mechanics of a Fluid Technology”, Social Studies of Science, 30(2)

Law, John. 2019. “Material Semiotic”. Heterogeneities.com: John Law’s STS web page. Available at www.heterogeneities.net/publications/Law2019MaterialSemiotics.pdf, last accessed on: 18 marc. 2024

Leite, Carolline de Souza. 2022. “Do Vídeo nas Aldeias aos TikTokers indígenas: perspectivas decoloniais de produção de imagens através do vídeo e dos smartphones”, Concinnitas, 22(44), DOI: https://doi.org/10.12957/concinnitas.2022.69584

Mol, Annemarie. 2002. The Body Multiple: Ontology in Medical Practice. London: Duke University Press.

Núñez, Fabián. 2012. “Afinal, o que é ‘cine imperfecto’? Uma analise das ideias de García Espinosa”. Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, 1(1), p. 172-194

Peres, João. Hermanson, Marcos & Merlino, Tatiana. 2023. O Parceiro do Rio das Mortes. O Joio e o Trigo. Disponível em: https://ojoioeotrigo.com.br/2023/04/os-parceiros-do--rio-das-mortes/ Acesso em: 14. Ago. 2023

Palamim, Camila., Ortega, Manoela & Marson, Fernando. 2020. “COVID-19 in the Indigenous Population of Brazil”. J. Racial and Ethnic Health Disparities 7, p.1053–1058. DOI: https://doi.org/10.1007/s40615-020-00885-6

Postma, Metje. 2022. “Observational Cinema as process, skill and method”, in Audiovisual and Digital Ethnography: A Practical and Theoretical Guide, ed. Cristina Grasseni et al, Routledge: Oxson, p.114-142

Rouch, Jean. 1995. “The Camera and Man”, in Principles of Visual Anthropology, 2nd ed., ed. Paul Hockings, Mouton de Gruyter: Berlin, p. 79-98

Sautchuk, Carlos Emanuel. 2019. “The Pirarucu Net: Artefact, Animism and the Technical Object.” Journal of Material Culture 24 (2): 176–93. DOI: https://doi.org/10.1177/1359183518804268

Serber, Luiza. 2020. “Circulando imagens e tecendo redes no Território Indígena do Xingu”, Maloca, Revista de Estudos Indígenas v.3, p.1-19.

Simondon, Gilbert. 2009. “The Position of the Problem of Ontogenesis”, translated by Gregory Flanders, Parrhesia, n.7, p.4-16

Viveiros de Castro, Eduardo. 2004. “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”, Tipití, v.2 (1), p. 3-22

Publicado

2024-08-21

Edição

Seção

Dossiê Etnografias ao Toque de Tela

Dados de financiamento

Como Citar

Enk, Markus S., Milton Halotesu Nambikuara, Myrian Vasquez, e NEWIWE ANA MIRANDA TOP'TIRO. 2024. “Smartphones E a Multiplicidade Colaborativa De ‘cinemas imperfeitos’: Experiências De produção E circulação De mídias indígenas Durante a Pandemia De Covid-19”. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 9 (1): e215440 . https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2024.215440.