Pedidos em italiano e português brasileiro: de um estudo contrastivo à reflexão sobre interculturalidade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i48p64-94Palavras-chave:
Pedidos, Italiano, Português brasileiro, Discourse Completion Task, InterculturalidadeResumo
O grupo de pesquisa “Pragmática (inter)linguística, cross-cultural e intercultural” (CNPq/Fapesp/USP) está conduzindo uma pesquisa contrastiva sobre pedidos e sua realização em diferentes línguas e culturas, com o intuito de identificar convergências e divergências e de refletir sobre como podem interferir na interação entre os falantes. Amplamente estudado, o pedido foi escolhido por, ao menos, dois motivos: (a) trata-se de um dos atos de fala mais frequentes; (b) é fortemente influenciado por fatores contextuais e culturais. Tais fatores adquirem particular relevância quando se considera que é um Face-Threatening Act (BROWN; LEVINSON, 1987), já que com um pedido se busca induzir o interlocutor a realizar uma ação (SEARLE, 1979), colocando assim em risco tanto a face positiva de quem o realiza, quanto a face negativa de quem o recebe. De fato, por um lado, uma eventual recusa pode frustrar a necessidade de o indivíduo ser reconhecido e aprovado e, por outro, a necessidade de reagir a um pedido pode comprometer a liberdade individual. Os dados analisados neste artigo foram coletados por meio de um dos instrumentos utilizados pelo grupo: um Written Discourse Completion Task (WDCT), no qual são apresentadas situações da vida cotidiana que induzem à realização de pedidos. Aos participantes é solicitado que escrevam o que diriam se estivessem nas situações propostas, que foram elaboradas considerando a distância social e o grau de imposição, duas das variáveis contextuais propostas por Brown e Levinson (1987). Os resultados apresentados aqui se referem a duas amostras, compostas por 30 italianos e 30 brasileiros. A análise se concentra nas características dos atos principais e em certos tipos de atos de suporte (BLUM-KULKA et al., 1989), bem como no modo como as formulações recorrentes podem ser indícios de convencionalidade em cada uma das duas línguas de referência, considerando particularmente de que maneira o conhecimento sobre tais características pragmáticas pode influenciar as dinâmicas comunicativas interculturais.
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