Triagem de processamento auditivo central em crianças de 6 a 11 anos
DOI:
https://doi.org/10.7322/jhgd.39692Palavras-chave:
processamento auditivo central, distúrbio de aprendizagem, dislexia.Resumo
O artigo define processamento auditivo central e explica a sua importância para a aquisição de leitura e escrita. Explica, também, a natureza do distúrbio de processamento auditivo central e sua etiologia no histórico de otites repetidas durante o desenvolvimento da linguagem, bem como o seu envolvimento nos distúrbios processamento fonológico que subjazem aosproblemas de linguagem oral e escrita, como ocorre na dislexia do desenvolvimento. Ressalta a necessidade de instrumentos para triagem de crianças com distúrbio de processamento auditivo central, com vistas a permitir experimentas dedicados ao teste de tratamentos para prevenção e remediação de distúrbios de linguagem oral e escrita. Examina a bateria~de ZAIDAN (2001) para triagem de distúrbio de processamento auditivo central, desenvolvida no mestrado em Neurociências da USP. Trata-se de uma bateria de aplicação rápida em 15 minutos, e-composta de três testes de repetição de fala ouvida em condições de difícil audibilidade: fala distorcida com corte de frequências elevadas, fala contra ruído de fundo, e falas competitivas em escuta dicótica. Reanalisando os dados brutos daquela dissertação, este artigo sugere que a aparente inconclusividade dos achados sobre a sua validade deveu-se simplesmente à escolha de estatísticas inferenciais inadequadas ao delineamento. Reconduzindo as análises com estatísticas inferenciais apropriadas (i.e., Ancovas para controlar o efeito da ampla variação etária sobre os escores), o artigo demonstra que a bateria é, de fato, válida e sensível o suficiente para discriminar entre crianças de 6 a I I anos com desenvolvimento normal e aquelas com diagnóstico clínico de distúrbio de processamento auditivo central. Adicionalmente, descobriu que, além da bateria como um todo, cada um dos três testes que a compõem é capaz de, por si só, discriminar entre os grupos, identificando crianças com distúrbios de processamento auditivo central. Isto corrobora a adequação das listas de palavras e de sua gravação, revelando todo o esmero com que a bateria foi elaborada. Assim, o Brasil passa a dispor de um poderoso instrumento para a detecção de crianças com distúrbio de processamento auditivo central que estão em risco de fracassar na aquisição competente de leitura e escrita e que podem receber intervenção precoce.
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