Sobre o Estilo na História Intelectual

Autores

  • Lewis Pyenson Western Michigan University
  • Gildo Magalhães dos Santos Filho Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-2158.i14p1-43

Palavras-chave:

Caos, Estruturalismo, Hayden White, Luis Felipe Noé, Erich Kahler, José Ortega y Gasset, Reinhart Koselleck, Thomas Kuhn, Paul Forman

Resumo

O estilo no passado denotava sensibilidades gerais que guiam o pensamento e a ação. Tentativas de mostrar como o estilo deriva das circunstâncias materiais da vida permanecem inconclusivas por causa da dificuldade em decidir quais partes da cultura do passado estão no centro dele. As vantagens e desvantagens dos modelos e esquemas oferecidos pelos principais teóricos das gerações passadas são usadas para apoiar a proposição de que a filosofia é um guia duvidoso para praticantes da história intelectual, que se saem melhor quando criam seus próprios métodos a partir do material que estudam.

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Referências

Título original "On Style in Intellectual History". Uma versão anterior do texto circulou na UNILOG 22022, 7º Congresso Mundial e Escola de Lógica Universal, Academia Ortodoxa de Creta, 1-11 de abril de 2022. Agradeço os comentários dos participantes e do organizador do Congresso, Ioannis Vandoulakis, bem como de Gildo Magalhães Santos, a quem agradeço esta tradução. Meu maior débito é para com o trabalho de Paul Forman, notavelmente seu “Independence, Not Transcendence, for the Historian of Science,” Isis, 82 (1991), 71-86.

Goethe, Aus meinem Leben: Dichtung und Wahrheit (1811–1833); Horácio, Ars poetica (19 a.C.), sobre o objetivo da poesia de encantar e instruir.

Robert Graves, I, Claudius (1934; New York: Vintage, 1989), 122, para o retrato que Graves faz de Pollio, em busca da verdade, e Lívia, inspiradora da virtude.

Lewis Pyenson, The Shock of Recognition: Motifs of Modern Art and Science (Leiden: Brill, 2021). Foucault em 1966 dizia: “Somos todos neokantianos.” Stephen Turner, numa contribuição recente, “The Philosophical Origins of the Classical Sociology of Knowledge,” The Routledge Handbook of Social Epistemology, ed. Miranda Fricker, et al. (New York: Routledge, 2020), 31-39, p. 36.

No presente texto, História denota a escrita do passado humano (às vezes chamada de historiografia), distinta da história, o passado como revelado pela documentação. Como cortesia, também grafo Filosofia. Não trato aqui dos tipos de Filosofia, alguns dos quais podem possivelmente entrecruzar meu entendimento da História.

Não incluo nem a historização nem o historicismo, ambas noções o objeto de bastante escrutínio. Considero a primeira como sendo a inclinação para referir questões humanas à evolução de uma cultura ou sociedade em particular. Considero o último como o desdobramento imanente da História de acordo com leis ou princípios gerais. Poucos escritores discordariam do valor do passado para entender o presente, embora os historiadores divirjam em que partes do passado devem focalizar. Não há uma concordância geral sobre quais historiadores são historicistas, embora o termo seja geralmente ofensivo. Historicistas são vistos como relativistas culturais, por um lado, e como engenheiros cumprindo um propósito transcendental, por outro lado.

Nicolás Lavagnino, “Specters of Frye: Mythos, Ideology and Anatomy of (Historiographical) Criticism,” Storia della storiografia, 65, 1 (2014), 131-43.

Paul A. Roth, “History and the Manifest Image: Hayden White as a Philosopher of History,” History and Theory, 52 (2013), 130-43, e Beverly Southgate, revendo a coleção de White, Fiction of Narrative (2010), na revista History, 96 (2011), 227-28, nas quais ambos argumentam que Metahistory se tornou uma pedra de toque para uma filosofia floreada, ao invés de para novas interpretações do que aconceteceu no passado. Tais interpretações do passado são não apenas a recompensa pela teorização, elas também separam os historiadores dos escritores que focalizam conspirações ocultas. Um argumento relacionado foi feito por Hans Kellner em um número coletivo valioso da revista History and Theory, intitulado Metahistory: Six Critiques, dedicado ao livro de White: Hans Kellner, “A Bedrock of Order: Hayden White’s Linguistic Humanism,” History and Theory, 19, no. 4 [Beiheft 19] (1980), 1-29, p 12: “O que quer que seja o objeto de Metahistory, não é sobre o que os historiadores realmente fazem.”

Kellner, “A Bedrock of Order”, 26, acrescenta os tropos principais, na sequência que eu coloquei, como uma quarta coluna modal chamada Tropologia, e usa os tropos principais como títulos alternativos de colunas na mesma sequência. O resultado é uma matriz 4 x 4 associada com o que poderia ser uma transformação linear. Os termos diagonais de Kellner ficam em itálico, como Romance, Mecanicista, Conservador e Ironia, “criando uma poética de discurso em prosa de não-ficção tão estonteante e instável como qualquer outra.”

Martin Warnke, trad. David Levin, “On Heinrich Wölfflin,” Representations, no. 27 (Summer, 1989), 172-187, p 184; Arnold Hauser, The Philosophy of Art History (Cleveland/New York: Meridian/World, 1963), 120.

Lembro a opinião de John Heilbron de que as atitudes gerais dos físicos reciclam as opiniões que circulavam no Antigo Mediterrâneo. J. L. Heilbron, The History of Physics: A Very Short Introduction (Oxford: Oxford University Press, 2015).

Lewis Pyenson, trad. por Chikara Sasaki para o japonês, “The Main Intellectual Characteristics of Modern Physics and Its Crisis,” Arena [Chubu University, Japan, ISSN 1349-0435], Special Issue (2020), 21-35, para a opinião de que a física de cerca de 1970 até 2018 foi essencialmente conservadora.

A introdução da sociologia normativa na História por Karl Lamprecht por volta de 1900 levou ao debate apaixonado na chamada Methodenstreit [Conflito metodológico – N.T.]. Lewis Pyenson, “Uses of Cultural History: Karl Lamprecht in Argentina,” Proceedings of the American Philosophical Society, 146 (2002), 235-55. A revista Annales d’histoire économique et sociale, fundada por amigos de Pirenne e pelos colegas mais jovens Marc Bloch e Lucien Febvre em 1929, promoveu a história social e econômica focalizando modalidades psicológicas (mentalités) e padrões gerais de longa duração (la longue durée). Pirenne e os annalistes, contudo, enfatizavam o que Pirenne via como um atributo vital da História: a “imaginação criativa.” Kaat Wils, “Everyman His Own Sociologist: Henri Pirenne and Disciplinary Boundaries around 1900,” Journal of Belgian History [BTNG/RBHC], 41 (2011), 355-80, p. 366, 369, 372. Vide também Erik Thoen e Eric Vanhaute, “Pirenne and Economic and Social Theory: Influences, Methods and Reception,” Journal of Belgian History [BTNG/RBHC], 41 (2011), 323-53. Embora os Annales fechassem o olho para a história cultural (a revista oferecia pouco espaço para a história da arte e da ciência), atualmente o texto simpatiza com esta visão da História. Pirenne e Bloch não hostilizavam a história da ciência e do folclore. Lewis Pyenson e Christophe Verbruggen, “Elements of the Modernist Creed in Henri Pirenne and George Sarton,” History of Science, 49 (2011), 377-94.

Essa declaração de independência é como Eugene O. Golob vê a Tropologia de Hayden White: Eugene O. Golob, “The Irony of Nihilism,” History and Theory, 19, no. 4 [Beiheft 19] (1980), 55-65, p. 55. Eu sigo o espírito de Paul Forman, “Independence, Not Transcendence for the Historian of Science.”

Filósofos das gerações passadas, que clamaram por uma associação mais estreita entre Filosofia e História, prestam atenção apenas de passagem para os métodos usados por historiadores praticantes, mas há uma grande indústria acadêmica em que professores de filosofia se esforçam para disciplinar os historiadores oferecendo regras e leis. Chris Lorenz, “History and Theory,” em The Oxford History of Historical Writing, Vol. 5, ed. Axel Schneider e Daniel Woolf (Oxford: Oxford University Press, 2011), 13-35. Meu interesse é examinar como a cultura num determinado tempo e lugar se relaciona com a autoridade social. Nessa busca, a filosofia parece ser apenas mais uma dentre muitas ferramentas possíveis. A psicologia é uma disciplina acadêmica pelo menos tão próxima das preocupações dos historiadores intelectuais quanto a Filosofia, mas os historiadores em geral não trataram de diagnósticos de doença psiquiátrica. Uma exceção notável é o estudo recente de Russell McCormmach, The Personality of Henry Cavendish—A Great Scientist with Extraordinary Peculiarities (Cham, Suíça: Springer, 2014).

Lewis Pyenson, “Three Graces,” em The Strength of History at the Doors of the New Millennium, ed. Ignacio Olábarri and Francisco J. Caspistegui (Pamplona, Espanha: Ediciones Universidad de Navarra, 2005), 261-335. Reimpressão de 45 páginas, Lafayette: Editions Giselle Calypso, 2005, que corrige erros de formatação no volume editado por Olábarri e Capistegui.

Para uma celebração do capitalismo caótico que ignora o desastre ecológico, Francis Fukuyama, The End of History and the Last Man (New York: Free Press, 1992), um trabalho devedor das ideias hegelianas de Alexandre Kojève. Kojève e Fukuyama usaram “fim da história” para significar o triunfo permanente da democracia liberal.

Lewis Pyenson, “Science in History and Beyond,” ChemTexts, 7, no. 1 (2021), 1-7.

Também ausentes estão o aquecimento global, o colapso do bloco do Comintern e pandemias. Donella Meadows, et al., The Limits to Growth: A Report for the Club of Rome's Project on the Predicament of Mankind (New York: Universe Books, 1972), republicado periodicamente com adendos. A biofísica Donella Meadows é a primeira autora na primeira página, mas para acompanhar “Mankind” no subtítulo, Dennis Meadows, com doutorado em administração, tem o copyright. Peter Passell, Marc Roberts e Leonard Ross, “Limits to Growth,” New York Times, 2 de abril de 1972: “…um trabalho vazio e enganador. Seu imponente aparato de tecnologia computacional e jargão de sistemas esconde um dispositivo intelectual do tipo Rube Goldberg - que assume hipóteses arbitrárias, mistura-as bem e chega em conclusões arbitrárias com o halo de ciência.” Derek J. de Solla Price, Science Since Babylon (New Haven: Yale University Press, 1961) e Little Science, Big Science (New York: Columbia University Press, 1963). Com uma óptica política similar à do grupo Meadows, Fukuyama, End of History, oferece um cenário oposto. A projeção dos Meadows foi explicitamente contestada pela Fundación Bariloche na Argentina, sob a liderança do geólogo Amílcar Herrera: Herrera, Oscar Scolnik, et al., ¿Catástrofe o nueva sociedad? Modelo Mundial Latinoamericano: 30 años después (Ottawa: Centro Internacional de Investigaciones para el Desarrollo, 2004), que contém a publicação original do modelo de 1976. Walter Adolf Jöhr, “Das Bariloche-Modell: Ein lateinamerikanisches Weltmodell,” Schweizerische Zeitschrift für Volkswirtschaft und Statistik, 117, no. 2 (1981), 109-74, para uma avaliação equilibrada. Uma atualização da mastigação de números dos Meadows que reconhece a inovação tecnológica descontínua sem prever o uso de materiais sintéticos, a produção de energia renovável e as mudanças dietéticas: Will Steffen, et al., “The Trajectory of the Anthropocene: The Great Acceleration,” Anthropocene Review, 2, no. 1 (2015), 1-18, p. 14.

Edward O. Wilson, Consilience: The Unity of Knowledge (New York: Vintage, 1999); Charles Taylor, A Secular Age (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2007); Margaret Mead, Twentieth Century Faith: Hope and Survival (New York: Harper & Row, 1972), 86-87; Fritjof Capra, The Tao of Physics (1975; London: Fontana, 1984), 339; Paavo Pylkkanen, ed., Bohm-Biederman Correspondence: Creativity in Art and Science (London: Routledge, 1999); Roald Hoffmann, “Reflections on Art and Science,” em Convergence: The Art Collection of the National Academy of Sciences, ed. J. D. Talasek e Alana Quinn (Washington, DC: National Academy of Sciences, 2012), 85-87; Roald Hoffmann, “Concluding Comments,” em The Artificial and the Natural: An Evolving Polarity, ed. Bernadette Bensaude-Vincent, et al. (Cambridge, MA: MIT Press, 2007), 313-14: “Devemos aceitar a falta de uma distinção profunda entre o natural e o artificial,” (p. 314); Jeffrey Kovac e Michael Weisberg, ed., Roald Hoffmann on the Philosophy, Art, and Science of Chemistry (Oxford: Oxford University Press, 2014). O título do último volume sugere, no entanto, que a química é ontologicamente diferente das demais ciências. Muita coisa seria esclarecida se a química fosse entendida como uma tecnologia, como as artes plásticas. A consiliência então perderia seu status como uma virtude atemporal e se tornaria meramente um sinônimo para a “tecnociência” atualmente em moda e que caracteriza a pós-modernidade. Paul Forman, “The Primacy of Science in Modernity, of Technology in Postmodernity, and of Ideology in the History of Technology,” History and Technology, 23 (2007), 1-152. Até etimologicamente, a consiliência entre ciência e tecnologia é ambígua (techne, tomada do grego para o latim pode ser entendida como um truque, subterfúgio ou artifício). David Bloor gostaria de chamar de tecnociência um empreendimento diferente, de longa duração no mundo ocidental. Bloor, The Enigma of the Aerofoil: Rival Theories in Aerodynamics, 1909-1930 (Chicago: University of Chicago Press, 2011), 412. Qual é a vantagem de tecnociência como um termo novo e genérico? Jesus era um dos artesãos (τεχνίτες), literalmente técnicos, um grupo relacionado com artistas (καλλιτέχνες). Mas Jesus tecnocientista? Bloor enquadra seu estudo de matemática da aerodinâmica em Cambridge e Göttingen como uma contribuição à sociologia do conhecimento. Ele focaliza os compromissos intelectuais de dois círculos acadêmicos na tradição das biografias que dão pano de fundo e contexto. Estão faltando os motivos sociais e culturais para os compromissos. Acho difícil ver como a História de Bloor, da aerodinâmica no começo do século vinte, seria um exemplo do “programa forte” para a determinação social de ideias, anunciada por Bloor há décadas atrás e revisitada agora. Uma coleção de escritores da Nova Era, que geralmente partem da religião organizada em William Irwin Thompson, ed., Gaia: A Way of Knowing (New York: Lindisfarne Association, 1987). Uma outra coisa foi quando Amos Tversky e Daniel Kahneman abraçaram a incerteza na tomada humana de decisões em 1974: não resta nenhum vestígio de incerteza nas declarações sumárias de Kahneman após seu prêmio Nobel de 2002. Pyenson, Shock of Recognition, 61.

A água é uma presença persistente na pintura mais figurativa de Noé, desde Descoberta do Amazonas (1984), Misiones: Natureza e História (1987), e Há alguma outra Verdade fora da Natureza? (1992), até Coluna de Água (2010-2013).

Fabián Lebenglik, citado em Luis Felipe Noé, Cuaderno de bitácora (Buenos Aires: Editorial El Ateneo, 2015), 550.

David Bloor, Enigma of the Aerofoil, 75, a equação básica da fluidodinâmica, equação de Bernoulli, para a pressão e velocidade. Em engenharia mecânica, o termo “velocidade estática” se refere a uma velocidade de rotação suave e contínua. Shell International Research Maatschappij, “Methods of Friction Testing Lubricants,” 3 May 2013, International Patent Publication Number WO 2014/179537 A1.

Yongji Wang, Ching-Yao Lai, Javier Gómez-Serrano, Tristan Buckmaster, “Asymptotic Self-Similar Blow Up Profile for 3-D Euler via Physics-Informed Neural Networks,” arXiv:2201.06780, 2022, para uma exploração recente e multidisciplinar de instabilidades nas equações da mecânica dos fluidos que utilizam inteligência artificial.

O leitor pode rapidamente encontrar a última palavra sobre essas grandes figuras. Sinalizo apenas o tratamento magistral e breve de John L. Heilbron, Niels Bohr: A Very Short Introduction (Oxford: Oxford University Press, 2020).

Luis Felipe Noé, Antiestética (Buenos Aires: Ediciones Van Riel, 1965). No excelente catálogo da mostra editado por Cecilia Ivanchevich, Noé: Mirada prospectiva (Buenos Aires: Museo Nacional de Bellas Artes, 2017): Cecilia Ivanchevich, “La belleza del caos,” 7-16, citação de Antiestética na p. 11; Lorena Alfonso “El pintor como escritor,” 17-26; Lena Geuer, “Entre paisajes con ‘Yuyo’ Noé,” 27-34. Em Antiestética, p. 16, Noé explicitamente agradece o escritor e crítico Lawrence Alloway pela percepção crucial de que o caos possui uma estrutura. Nigel Whiteley, Art and Pluralism: Lawrence Alloway's Cultural Criticism (Liverpool: Liverpool University Press, 2012), p. 88, para a visão de Alloway em 1957, in the Architectural Review, de que os artistas ativistas dos EUA demonstravam “vitalidade” na celebração do caos. Alicja Kępińska e Patrick Lee, “Chaos as a Value in the Mythological Background of Action Painting,” Artibus et Historiae, 7, no. 14 (1986), 107-123, para o impacto de Carl G. Jung sobre Jackson Pollock e seus contemporâneos. Jackson Pollock em 1950 negou veementemente que estivesse celebrando o caos: Francis Halsall, “Chaos, Fractals, and the Pedagogical Challenge of Jackson Pollock's ‘All-Over’ Paintings,” Journal of Aesthetic Education, 42 (2008), 1-16, para uma avaliação da visão de que o trabalho de Pollock exibia padrões fractais, Halsall entretanto conclui na p. 13: “Penso que deveríamos encorajar os alunos a reter a falta de sentido e o caos dessas pinturas.” O foco popular de Benoit Mandelbrot sobre fractais emergiu posteriormente (ele cunhou a palavra fractal na década de 1970) a partir de conversas com seu tio, o matemático Szolem Mandelbroijt. Benoit Mandelbrot, The Fractalist: Memoir of a Scientific Maverick (New York: Pantheon, 2012), 150-51 sobre a datação vaga. A noção de fractais remonta a Felix Hausdorff, “Dimension und äusseres Mass,” Mathematische Annalen, 79 (1918), 157-79.

Wladimir V. Weidlé (também Veïdle, Vejdle, Vladimir Weidle, Владимир Васильевич Вейдле), Ensayo sobre el destino actual de las letras y las artes, trad. Carlos María Reyles (Buenos Aires: Emecé, 1951), 141 para o Romantismo como morte do estilo; o livro é uma versão de Weidlé, Les abeilles d’Aristée: Essai su le destin actuel des lettres et ds arts (Paris: Desclée de Brouwer, 1936), numa quarta edição, substancialmente revisada da Gallimard em 1954. (Plutarco reconta o mito sangrento de Aristeu, patrono da criação de abelhas e das artes úteis, cuja luxúria causou a morte de Eurídice, trazendo o desaparecimento e depois o reaparecimento da apicultura.) George Bruce, resenha de Dilemma of the Arts de Weidlé, em Scottish Journal of Theology, 4, no. 1 (1951), 102-103, citando Weidlé: “Só um reavivamento religioso do mundo pode salvar a arte… Precisamos trabalhar para fazer a solidão deixar de ser inevitável para o artista.” Wladimir Weidlé, The Dilemma of the Arts, trad. Martin Jarrett-Kerr CR (London: SCM Press, 1948), sobre o declínio e a queda da moderna literatura, arte e música que, no entanto, elogia figuras modernistas; o modelo de Weidlé é o poeta Paul Claudel. Wladimir Weidle, “Sobre el concepto de ideología,” em Las ideologias y sus aplicaciones en el siglo XX, ed. Jesús Fueyo Álvarez, trad. Luis González Seara (Madrid: Instituto de Estudios Politicos, 1962), 9-21, para a jeremíada de Weidlé contra o socialismo.

Noé, Antiestética, 127-28.

Andreas Greiert, “Der Wissenschaftler als Führer aus der deutschen Krise: Zu Erich von Kahlers Polemik gegen Max Weber,” Zeitschrift für Religions- und Geistesgeschichte, 64 (2012), 1-18; Wolf Lepenies, “Between Social Science and Poetry in Germany,” Poetics Today, 9 (1988), 117-43, p. 123-24. Cathryn Carson, Alexei Kojevnikov e Helmuth Trischler, eds, Weimar Culture and Quantum Mechanics: Selected Papers by Paul Forman and Contemporary Perspectives on the Forman Thesis (London: Imperial College Press, 2011), onde a monografia seminal de Forman, de 1971, está reimpressa. Greiert e Lepenies não a citam.

Erich Kahler, Man the Measure, A New Approach to History (New York: Pantheon, 1943). Chris Talbot, ed., David Bohm: Causality and Chance, Letters to Three Women (Cham, Suíça: Springer, 2017).

Noé, Antiestética, 193 para a citação de Kahler. Erich Kahler, Man the Measure, citação na p. 497-98. E Kahler p. 639: “As ciências têm uma grande responsabilidade: só elas podem fornecer o quadro do todo, o ensino do todo, do qual depende o domínio do mundo pelo homem.” Antes no livro (516-17), a arte ajudará a salvar a humanidade se abandonar a representação simbólica juntamente com a ficção, e representar a coerência interna do mundo começando com fatos científicos. O trabalho científico e acadêmico irá superar sua tendência de promover a isolação disciplinar aceitando também a ideia de coerência interna e ordem em comum. Dessa forma, uma união de arte e ciência irá “produzir a unidade que antes existia na religião.” Em The Tower and the Abyss: An Inquiry into the Transformation of the Individual (New York: George Braziller, 1957), Kahler faz a crônica do declínio e da desintegração da moralidade, generosidade e felicidade, devido à coletivização e alienação, colocando suas esperanças – sem oferecer um plano – em um socialismo democrático que reconheça tanto a liberdade individual quanto a responsabilidade coletiva. Tradução em espanhol de Man the Measure: Erich Kahler, trad. Javier Márquez, Historia universal del hombre (Mexico DF: Fondo de Cultura Económica, 1946), na quarta edição em 1965.

Kahler, Man the Measure, 496-97; Noé, Antiestética, 194.

Noé, Antiestética, citações p. 198-201. O grande artista Eduardo Stupía, um colaborador professional de Noé, faz uma crítica simpática em “Luis Felipe Noé: El caos como programa,” La nación [Buenos Aires], 16 julho, 2017.

Uma introdução acessível às visões de vários dos personagens que cito pode ser encontrada em Chaos: Making a New Science (New York: Viking Penguin, 1987). Christian Oestreicher, “The History of Chaos Theory,” Dialogues in Clinical Neuroscience, 9 (2007), 279-89. Alguns, mas não todos pesquisadores contemporâneos quantizam a complexidade não linear. Notáveis são a escola de José R. Croca em Lisboa, elegantemente apresentada por Gildo Magalhães Santos (São Paulo) em The Web of the Universe: Evolution and Eurythmy (Chisinau, Moldova: Lambert Academic, 2022), e a noção expandida de entropia de outro brasileiro, Constantino Tsallis, Introduction to Nonextensive Statistical Mechanics: Approaching a Complex World (New York: Springer, 2009). A euritmia de Croca lembra a sintropia de Luigi Fantappiè, ou contra-entropia: Principi di una teoria unitaria del mondo fisico e biologico (Rome: Soc. Editr. Humanitas Nova, 1944). Sobre a carreira do Fantappiè porta-voz do fascismo: N. Ciccoli “Fantappiè's ‘Final Relativity’ and Deformations of Lie Algebras,” Archive for History of Exact Sciences, 69 (2015), 311-26. Sobre Royaumont, Pyenson, Shock of Recognition, 106; Antoine Danchin, Centre Royaumont pour une Science de l’Homme: Unpublished Research Programmes of the CRSH (Paris, 2000-2022): https://www.normalesup.org/~adanchin/causeries/royaumont.html. Sobre Santa Fe, David Pines, Emergence: A unifying theme for 21st century science (2014): https://medium.com/sfi-30-foundations-frontiers/emergence-a-unifying-theme-for-21st-century-science-4324ac0f951e.

Nathan Sivin, resenhando Science and Civilisation in China. Vol. 7, Parte 2: General Conclusions and Reflections por Joseph Needham, et al., em China Review International ,12, no. 2 (2005), pp. 297-307, p. 301, citando a antecipação de Needham “a chegada da comunidade cooperativa mundial que incluirá todos os povos assim como as águas cobrem o mar.” O Needham mais jovem publicou uma coleção com o título Time, the Refreshing River (Essays and Addresses, 1932-1942) (London: George Allen & Unwin, 1943), 15, tirando o título de Sir Thomas Browne e W. H. Auden, entre outros.

Jan van der Dussen, “Toynbee and His Critics,” em Jan van der Dussen, Studies on Collingwood, History and Civilization (Cham, Suíça: Springer, 2016), 169-93, examinando o distanciamento entre o sucesso popular de Toynbee e sua rejeição profissional.

José Ortega y Gasset, Toward a Philosophy of History, trad. Helene Weyl [esposa do matemático Hermann Weyl] (New York: W. W. Norton, 1941), seus ensaios “The Sportive Origin of the State” e “The Argentine State and the Argentinean”; Estudios sobre el amor (Buenos Aires: Espaca Calpe, 1940); On Love: Aspects of a Single Theme, trad. Toby Talbot (New York: Meridian, 1957).

Ortega y Gasset, Toward a Philosophy of History, citações em sequência: 231-33, 222 (nota de rodapé), 224-25, 228, 15.

Alberto Einstein, “La nueva theoría del campo: Materia y espacio,” Revista de Occidente, 23, no. 68 (1929), 129-44.

Diana Kormos Buchwald, et al., eds, Collected Papers of Albert Einstein, vol. 15 (Princeton: Princeton University Press, 2018), 724, bem semelhante às observações em sua resenha, Albert Einstein, trad. André Metz, “A propos de « La déduction relativiste » de M. Émile Meyerson,” Revue philosophique de la France et de l'étranger, 105 (1928), 161-66.

Marco Giovanelli. “Physics Is a Kind of Metaphysics: Emile Meyerson and Einstein's Late Rationalistic Realism,” European Journal for Philosophy of Science, 8 (2018), 783-829.

Einstein, “A propos de « La déduction relativiste » de M. Émile Meyerson”; Einstein, “The New Field Theory, I and II,” Observatory, 51 (1929), 82-87; 52 (1929), 114-18.

Mario Biagioli enfatiza o pensamento hegeliano de Meyerson, orientado para processos: “Emile Meyerson: Science and the ‘Irrational,’” Studies in the History and Philosophy of Science, 19 (1988), 5-42.

Sobre Hermetic Revolution (1972) de Yates: Marjorie G. Jones, Frances Yates and the Hermetic Tradition (Lake Worth, FL: Ibis Press, 2008), 146-53; Owen Hannaway, “The Rosicrucian Enlightenment,” Journal of Modern History, 47 (1975), 543-45, para a referência de Yates a seu método como “arqueológico,” uma possível alusão a Archéologie du savoir (1969), de Michel Foucault.

George Sarton, Isis, 6 (1924), 74-89; Lewis Pyenson, The Passion of George Sarton: A Modern Marriage and Its Discipline (Philadelphia: American Philosophical Society, 2007), 373, 387.

Ortega y Gasset, History as a System, 206-207 (mulheres, indicadas por sua personificação na literatura da Antiguidade Clássica, seguindo as páginas iniciais de Robert Musil, Der Mann ohne Eigenschaften [1930]); 56 [snob]).

Reinhart Koselleck, “‘Space of Experience’ and ‘Horizon of Expectation’: Two Historical Categories,” em Koselleck, Futures Past: On the Semantics of Historical Time, trad. Keith Tribe (1979; New York: Columbia University Press, 2004), 255-75.

A História, como os historiadores a entendem, não desempenha nenhum papel no livro, de longe, o mais extenso, de Kuhn, Black-Body Theory and the Quantum Discontinuity, 1894-1912 (Chicago: University of Chicago Press, 1978).

Kathryn M. Olesko, “Science Pedagogy as a Category of Historical Analysis: Past, Present, and Future,” Science & Education, 15 (2006), 863-80, p. 872, enfatizando como Ludwig Fleck antecipou Kuhn pela insistência de que a educação formal é “uma revelação vagarosa e trabalhosa e uma consciência do ‘que realmente se vê’ ou do ganho de experiência,” isto é, ignorando contraexemplos e anomalias. E. H. Gombrich enfatiza exatamente essa prática na educação artística durante o período moderno. Olesko sublinha a importância dos livros-textos para esse processo de doutrinação. Saber que perguntas evitar fazer é essencial para os armazéns de disciplinas científicas nos séculos dezenove e vinte, e antes disso para as disciplinas que constituem as belas artes, sSchöne Kunste, beaux arts, and nobles artes. Pyenson, Shock of Recognition, 45-51.

Caroline A. Jones, “The Modernist Paradigm: The Artworld and Thomas Kuhn,” Critical Inquiry, 26 (2000), 488-528.

Colin Burrow, “Paraphrase Me If You Dare,” London Review of Books, 9 June 2022, 19-21.

Jehane Kuhn, “A Consistent Life,” Constructivist Foundations, 6, no. 2 (2011), 138.

Thomas S. Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions (Chicago: University of Chicago Press, 1962), 157, sobre paradigmas que dependem da fé e da estética.

Stephen G. Brush, “Thomas Kuhn as a Historian of Science,” Science & Education, 9 (2000), 39-58. J. L. Heilbron, “A Mathematicians’ Mutiny, with Morals,” em World Changes: Thomas Kuhn and the Nature of Science, ed. Paul Horwich (Cambridge, MA: MIT Press, 1993), 81-129, p. 110.Os pensamentos de Kuhn sobre ciência experimental e ciência teórica se encontram em um ensaio de 1976, posteriormente um capítulo em seu livro The Essential Tension: Selected Studies in Scientific Tradition and Change (Chicago: University of Chicago Press, 1977). Thomas S. Kuhn, “Mathematical vs Experimental Traditions in the Development of Physical Science,” Journal of Interdisciplinary History, 7 (1976), 1-31. Na p. 31, ele se referiu a um texto que li numa reunião de 1973 em São Francisco, em que ele estava sentado na primeira fileira, e que depois apareceu como “La Réception de la relativité généralisée: Disciplinarité et institutionalisation en physique,” Revue d'histoire des sciences, 27 (1975), 61-73. Para uma discussão pertinente, Ursula Klein, “Kuhn in the Cold War,” em Shifting Paradigms: Thomas S. Kuhn and the History of Science, ed. A. Blum, et al. (Berlin: Max Planck Institute for the History of Science [Editions Open Access}, 2017]), 116-21.

John L. Heilbron, “Thomas Samuel Kuhn, 18 July 1922 – 17 June 1998,” Isis, 89 (1998), 505-15

Jed Z. Buchwald, “Thomas Kuhn,” em Shifting Paradigms, p. 151-61, sobre o engajamento limitado de Kuhn com fontes secundárias e material arquivístico, e para seu foco quase exclusive em material impresso exemplar..

Thomas S. Kuhn, John L. Heilbron, Paul Forman, e Lini Allen, Sources for History of Quantum Physics: An Inventory and Report (Philadelphia: American Philosophical Society, 1967) [Memoirs, 68], 1: “Paul Forman tem trabalhado como o editor sênior e arquivista do projeto. Seja pessoalmente ou como supervisor de uma equipe especial, ele tem organizado e catalogado nossos materiais manuscritos para microfilmagem e transformado as fitas de nossas entrevistas em uma forma escrita mais prática, na qual estão sendo depositadas nos arquivos. Que o projeto consiga descrever seus materiais ao invés de simplesmente medi-los é largamente um resultado de seu gerenciamento competente.”

Em Olival Freire, Jr, et al., eds., The Oxford Handbook of the History of Quantum Interpretations (Oxford: Oxford University Press, 2022): Paul Forman, “The Reception of the Forman Thesis in Modernity and Postmodernity,” 871-86; Alexei Kojevnikov, “Quantum Historiography and Cultural History: Revisiting the Forman Thesis,” 887-908.

Pyenson, Shock of Recognition, 65, 262. Eugene O. Golob identifica o mesmo sentimento em Hayden White. Golob, “Irony of Nihilism,” 58: para White, “como alguém escreve história é uma questão de predisposição moral ou estética, e ... a verdade não é um conceito relevante.” Entender o fluxo da História se torna então impossível. White oferece “uma alegação forte, e uma conclusão niilista.”

Hayden V. White, “The Burden of History,” History and Theory, 5 (1966), 111-34, citações na p. 111-12, 134, 132. Em seu longo ensaio Vom Nutzen und Nachteil der Historie für das Leben (1874), Nietzsche deseja que a humanidade deponha o “fardo da história” que carrega.

Inclusive adentrando nossa própria época, as pessoas comumente distinguem entre forjar ou fabricar mentiras e descobrir ou revelar a verdade. Carolyn Merchant, The Death of Nature: Women, Ecology, and the Scientific Revolution (New York: HarperOne, 1990), 189–90, para a escultura de Louis-Ernest Barrias, La Nature se dévoilant à la Science (1899).

Lois Oliver, Boris Anrep: The National Gallery Mosaics (New Haven: Yale University Press, 2004).

Carl von Clausewitz, trad. J. J. Graham, On War (London: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co., 1940), 1: 119-20.

John S. Nelson, “Tropal History and the Social Sciences: Reflections on Struever’s Remarks,” History and Theory, 19, no. 4 [Beiheft 19] (1980), 80-101, p. 93.

Ben Shahn, The Shape of Content (New York: Vintage, 1957), 70; Gilah Yelin Hirsch, “Artist as Scientist in a Reflective Universe: A Process of Discovery,” Leonardo, 47 (2014), 118-28, citação na p. 120. O assunto está elaborado em Pyenson, Shock of Recognition, 82-124.

Lynn White Jr, “Natural Science and Naturalistic Art in the Middle Ages,” American Historical Review, 52 (1947), 421-35, na p. 434-35.

Paul Forman, “What the Past Tells Us about the Future of Science,” em La ciencia y la tecnologia ante el tercer milenio, ed. José Manuel Sánchez Ron (Madrid: Sociedad Estatal España Nuevo Milenio, 2002), 27–37.

A ambiguidade da história cultural pode ser lida em Peter Burke, What Is Cultural History? (London: Polity, 2019). Seu enfoque é nominalista: cultura é qualquer coisa assim designada pelos escritores. A ciência e a tecnologia recebem menção apenas de passagem em sua discussão.

Paul Forman, “From the Social to the Moral to the Spiritual: The Postmodern Exaltation of the History of Science,” em Positioning the History of Science, ed. Jürgen Renn and Kostas Gavroglu (Berlin: Springer Verlag, 2007), 49-55. Paul Forman, “Truth and Objectivity. Part 1, Irony; Part 2, Trust,” Science, 269 (1995), 565-67, 707-10. Robert F. Berkhofer Jr, num tom diferente, enfatiza a inclinação pós-moderna para aceitar o progresso tecnológico mesmo que “a fé no progresso da civilização pareça morta para assuntos morais e políticos… Até historiadores que escrevem sobre a história da história muito frequentemente deixam implícito que as interpretações recentes são superiores às mais antigas.” Robert F. Berkhofer, Jr, Fashioning History: Current Practices and Principles (New York: Palgrave Macmillan, 2008), 85.

Ortega y Gasset, On Love, nota de rodapé na p. 139.

Pyenson, The Passion of George Sarton.

Mas seria um erro negligenciar a educação mais formal: as corporações de artesãos do início da modernidade, as academias de arte com seus ateliês de ensino e as instituições estatais de ensino superior com seus jardins botânicos, observatórios, museus e laboratórios especializados. Gunther Stent, “The Master and His Atelier,” Partisan Review, 64, no. 2 (1997), 323-35, que enfatiza oficinas idiossincráticas nas belas artes e ciências naturais. De fato, a instrução formal prática nas artes precede a instrução prática em laboratório na ciência. Pyenson, Shock of Recognition, 83, 150.

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Publicado

2023-02-13

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Como Citar

Pyenson, L. (2023). Sobre o Estilo na História Intelectual (G. M. dos Santos Filho , Trad.). Khronos, 14, 1-43. https://doi.org/10.11606/issn.2447-2158.i14p1-43