Da centelha de vida da criatura do Dr. Frankenstein à metamorfose do Dr. Jekyll: a influência dos contos de terror vitorianos e o papel da ciência na criação e consolidação de estereótipos

Autores

  • Rosangela de Almeida Pertile Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Bioquímica Médica

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-2158.i15p103-121

Palavras-chave:

história da ciência, história do conhecimento, estereótipo, contos de horror, século XIX

Resumo

Nos avanços tecnológicos e científicos descritos nos contos de terror do século XIX, a sociedade que ainda desconhecia os mecanismos de atuação da ciência, se assombra com a verossimilhança entre a ciência e os causadores dos males da época. Pestes, experiências desconhecidas, outras etnias, são causadores de medo por parte da sociedade. Comunidades invisíveis são impelidas para os guetos sujos e insalubres, são párias em contraponto de uma sociedade progressiva, abastada, branca e educada. Nestes guetos habitam os miseráveis, os monstros, ou seja, todos que podem representar, de alguma forma, o inimigo da sociedade que se delineia com as conquistas do progresso da ciência e da tecnologia.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BACCEGA, Maria Aparecida. Os estereotipos e as diversidades. Comunicação & Educação, São Paulo: v. 13, p. 7–14, dez. 1998.

BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde. Ansiedade. fev. 2011. Biblioteca Virtual de Saúde [governamental]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html. Acesso em: 27 fevereiro 2023.

BRESCIANI, Maria Stela. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 2013(tudo é história, 52).

BURKE, P. O que é história do conhecimento? São Paulo: UNESP, 2015.

CORBIN, A.; COURTINE, J.-J.; VIGARELLO, G. História das emoções: do final do século XIX até hoje. Petrópolis: Vozes, 2020. v. 3.

DELUMEAU, J. História do medo no ocidente: 1300 a 1800 - uma cidade sitiada. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

GOULD, S. J. A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

KALIFA, D. Os Bas-fonds: história de um imaginário. São Paulo: EDUSP, 2013.

KIPLING, R. O Signo da Besta. Histórias sobrenaturais de Ruyard Kipling. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. p. 207–220.

KLEINGINNA, P. R.; KLEINGINNA, A. M. A categorized list of emotion definitions, with suggestions for a consensual definition. Motivation and Emotion, California - USA, v. 5, n. 4, p. 345–379, dez. 1981.

KOUTSOUKOS, S. S. M. Zoológicos Humanos: gente em exibição na era do imperialismo. Campinas: Editora Unicamp, 2020.

LA ROCQUE, L. de; TEIXEIRA, L. A. Frankenstein, de Mary Shelley, e Drácula, de Bram Stoker: gênero e ciência na literatura. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 11–34, jun. 2001.

LECOUTEUX, C. A Historia dos vampiros. a autopsia do mito. São Paulo: UNESP, 2005.

LIGHTMAN, B. Victorian Popularizers of Science. Designing Nature for New Audiences. Chicago: University of Chicago Press, 2007.

LOVECRAFT, H. P. O horror sobrenatural em literatura. São Paulo: Iluminuras, 2008.

NOTT, J. C.; GLIDDON, G. R. Types of Mankind: Or, Ethnological Researches, Based Upon the Ancient Monuments, Paintings, Sculptures, and Crania of Races, and Upon Their Natural, Geographical, Philological and Biblical History. Philadelphia: Lippincott, Grambo & Company, 1855. Disponível em: https://books.google.com.br/booksid=RtQKAAAAIAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false Acesso em: 27 fevereiro 2023.

PESAVENTO, S. J. Exposições Universais. espetáculos da modernidade do século XIX. São Paulo: Hucitec, 1997. v. Estudos Urbanos, (Arte e Vida Urbana).

PICCOLINO, M. Luigi Galvani and animal electricity: two centuries after the foundation of electrophysiology. Trends in Neurosciences, Philadelphia, USA, v. 20, n. 10, p. 443–448, 1 out. 1997.

RADCLIFFE, A. On the supernatural in Poetry. New Monthly Magazine, London, v. 16, n. 1, p. 145–152, 1826.

RIBEIRO, Suzi. et al. Divulgação Científica: uma conexão entre ciência e sociedade. In: VIANNA, Marcelo (org). Novos diálogos entre Ciência e Tecnologia. 1. ed. Rio Grande do Sul: IFRGS -Editora Fi, 2020. p. 127–148.

ROSENWEIN, B. História das Emoções. problemas e métodos. São Paulo, SP: Letra e Voz, 2011.

ROSENWEIN, B.; CRISTIANI, R. What Is the History of Emotions. Cambridge: Polity Press, 2018.

SHELLEY, M. Frankenstein ou o Prometeu Moderno. São Paulo: Excelsior, 2019.

STEVENSON, R. L. O médico e o monstro: o estranho caso do Dr. Jekyll e o Sr. Hyde. O Médico e o monstro e outros experimentos. Medo Clássico. Rio de Janeiro: Darkside, 2019. p. 248–325.

STOKER, B. Dracula. Rio de Janeiro: Darkside, 2018.

TIMBS, J. Mysteries of life, death, and futurity: illustrated from the best and latest authorities. London: Kent and Co Paternoster Row, 1863. Disponível em: http://archive.org/details/mysterieslifede00timbgoog. Acesso em: 27 fevereiro 2023.

VARMA, D. P. The Gothic Flame. London: Arthur Barker ltd, 1923. Disponível em: http://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.459811. Acesso em: 27 fevereiro 2023.

Downloads

Publicado

2023-08-14

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Pertile, R. de A. (2023). Da centelha de vida da criatura do Dr. Frankenstein à metamorfose do Dr. Jekyll: a influência dos contos de terror vitorianos e o papel da ciência na criação e consolidação de estereótipos. Khronos, 15, 103-121. https://doi.org/10.11606/issn.2447-2158.i15p103-121