Linguagem e Memória: a construção discursiva da imagem de Prestes e Vargas nas biografias escritas por suas Filhas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v37i3p291-312Palavras-chave:
Análise discursiva, Identidade biografada, Reconstituição históricaResumo
O gênero biográfico, como um gênero narrativo, é um espaço singular para a construção discursiva de uma trajetória de vida. Nesse gênero, a linguagem apresenta-se como um instrumento poderoso de (res)significações de discursos e narrativas, em especial, quando refere-se a biografias de cunho historiográfico. Nessa complexa rede de (outros) sentidos produzidos, a biografia de agentes políticos ilustres potencializa a produção de (novas) perspectivas acerca de eventos históricos e das próprias personalidades políticas. A partir de tal panorama, para este trabalho, foram analisadas as obras Luiz Carlos Prestes, um comunista brasileiro e Getúlio Vargas, meu pai — escritas, respectivamente, por suas filhas Anita Leocádia Prestes e Alzira Vargas do Amaral Peixoto —, cujo enfoque respalda a reconstituição das infâncias dos biografados. À luz das teorias de Charaudeau (2009), a análise comparativa realizada aponta para um lugar em comum entre tais biografias, de modo que as imagens discursivamente construídas dos biografados engajam o público leitor a conceber a fase da infância como um período importante para a formação desses sujeitos e para a expressão de suas identidades. Nesse sentido, os resultados indicam que as representações de Vargas e Prestes sugerem aptidão para suas atuações no cenário político e na História do Brasil.
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