Pensar a tradução a partir de Bakhtin, pensar Bakhtin a partir da tradução
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i1p85-98Palavras-chave:
Mikhail Bakhtin, Estudos da tradução, Diálogo, Carnavalização, PolifoniaResumo
A reflexão sobre possíveis vínculos entre os estudos da tradução e o pensamento bakhtiniano que apresento abaixo teve como ponto de partida o processo de tradução do livro de Mikhail Bakhtin A obra de François Rabelais e a cultura popular da Idade Média e do Renascimento (1965) realizada por Sheila Vieira de Camargo Grillo e por mim. A meu ver, o paralelo entre a teoria de Bakhtin e do Círculo e os estudos da tradução pode ser pensado em três possíveis direções: como um diálogo com alguns conceitos (exotopia, compreensão ativa e encontro dialógico; inacabamento/inconclusibilidade; grotesco; polifonia; carnavalização); como uma possibilidade de examinar as traduções de Bakhtin e do Círculo pelo prisma dos estudos da tradução; e como um conjunto de reflexões de Bakhtin sobre a tradução.
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