A linguagem carnavalesca enquanto discurso contracultural: reflexões sobre a obra de Mikhail Bakhtin

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i1p161-181

Palavras-chave:

Carnavalização, Realismo Grotesco, Contracultura, Indústria Cultural, Cultura de Massa

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de realizar uma releitura da obra A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (1987[1965]), por meio do estudo das relações entre a simbologia da cultura popular da Idade Média e do Renascimento, em especial os conceitos de carnavalização e de realismo grotesco, com o discurso contracultural. Com isso, buscamos avançar a compreensão sobre esses conceitos bakhtinianos, relendo-os e os integrando ao contexto contemporâneo em que vivemos. Buscamos compreender os conceitos de cultura, de carnavalização e de realismo grotesco na teoria bakhtiniana (1987[1965]; 2015[1963]) e visitamos os estudos filosóficos e de mídia que tratam as noções de indústria cultural, cultura de massa e contracultura, por meio dos apontamentos de Herbert Marcuse (1973[1964]), Theodore Roszak (1972[1969]), Theodor W. Adorno (1947[2010]; 2021) e Ken Goffman e Dan Joy (2007[2004]). Articulamos esses conceitos através da análise das imagens do destronamento e do corpo grotesco no Rock and Roll. Nossas considerações apontam que a linguagem carnavalesca pode ser compreendida enquanto um discurso contracultural à sua época, tendo em vista seu caráter transgressor, ambivalente e renovador, bem como o seu indicativo de inacabamento do mundo que sempre aponta para um futuro a construir e renovar.

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Biografia do Autor

  • Ana Carolina Pais, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Doutoranda em Letras pela Universidade de São Paulo, Brasil.

Referências

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Publicado

24-04-2025

Como Citar

PAIS, Ana Carolina. A linguagem carnavalesca enquanto discurso contracultural: reflexões sobre a obra de Mikhail Bakhtin. Linha D’Água, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 161–181, 2025. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v38i1p161-181. Disponível em: https://revistas.usp.br/linhadagua/article/view/226638.. Acesso em: 30 dez. 2025.

Dados de financiamento