Kant, Hamann e Volóchinov: três critérios de refutação ao Idealismo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i1p146-160Palavras-chave:
Filosofia da linguagem, Signo ideológico, Consciência, Experiência, EpistemologiaResumo
Relacionamos a crítica de Valentin Volóchinov (Círculo de Bakhtin) aos neokantianos, que atribuem a origem da ideologia à consciência e suas leis, a Johann Georg Hamann, um dos primeiros críticos do idealismo transcendental de Immanuel Kant. Partilhando da mesma pedra-de-toque, Volóchinov e Hamann ancoram a linguagem na concretude da experiência. Como resultado, Volóchinov propõe a dialogicidade da consciência, antes dita suprema para os idealistas neokantianos; já Hamann, a nível do conhecimento, argumenta que Kant pressupõe formas a priori sob a condição de ignorar a concretude a posteriori da linguagem. Não obstante, o próprio Kant dedica uma passagem da Crítica da Razão Pura a refutar o Idealismo e argumentar que a experiência interna depende da externa. Dentro destes três critérios de refutação ao Idealismo – consciência, conhecimento e experiência interna –, destacamos a unânime dependência que a experiência interna tem da externa; identificamos o principal ruído na polissemia do termo “consciência”; a significação, ligada à linguagem, não se aplica às formas a priori, como espaço e tempo (da sensibilidade) e, por isso, é possível circularidade no argumento: as formas a priori poderiam explicar a formação e estabilização da linguagem e do signo ideológico como objetos na consciência.
Downloads
Referências
CAYGILL, H. Dicionário Kant. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
GRILLO, S. Marxismo e filosofia da linguagem: uma resposta à ciência da linguagem do século XIX e início do século XX. In: VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017, p. 7-79.
HAMANN, J. G. Metakritik über den Purismus der Vernunft. In: HAMANN, J. G. Sämtliche Werke. Historisch-kritische Ausgabe von Josef Nadler. Wien: Verlag Herder, 1951.
HAMANN, J. G. Metacrítica sobre o purismo da razão. Trad. Maria Filomena Molder. In
Recepção da crítica da razão pura: Antologia de escritos sobre Kant (1786 – 1844). Lisboa: Calouste Gulbekian, 1992.
HAMANN, J. G. Metacrique on the purism of reason. Trad. Kenneth Haynes. In: Writings on Philosophy and Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
HUMBOLDT, W. von. Über die Verschiedenheit des Menschlichen Sprachbaues und ihren Einfluss auf die geistige Entwicklung des Menschengeschlechts. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1963.
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. Fernando Costa Mattos. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2015. 4ª edição.
MARQUES, Ubirajara Rancan de Azevedo. Kant e o problema da origem das representações elementares: apontamentos. Trans/Form/Ação, São Paulo, n. 13, p. 41-72, 1990.
SANTOS, L. R. dos. Metáforas da razão ou economia poética do pensar kantiano. Maia: Gráfica Maiadouro S. A., 1994.
VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017. [1929].
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Taciane Domingues

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A aprovação dos manuscritos implica cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a Linha D'Água. Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem à instituição a qual a revista encontra-se vinculada. Em relação à disponibilidade dos conteúdos, a Linha D'Água adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC Atribuição não comercial. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos autorais à revista.
Nesses casos, em conformidade com a política de acesso livre e universal aos conteúdos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou do Editor. Em quaisquer outras situações a reprodução total ou parcial dos artigos da Linha D'Água em outras publicações, por quaisquer meios, para quaisquer outros fins que sejam natureza comercial, está condicionada à autorização por escrito do Editor.
Reproduções parciais de artigos (resumo, abstract, resumen, partes do texto que excedam 500 palavras, tabelas, figuras e outras ilustrações) requerem permissão por escrito dos detentores dos direitos autorais.
Reprodução parcial de outras publicações
Citações com mais de 500 palavras, reprodução de uma ou mais figuras, tabelas ou outras ilustrações devem ter permissão escrita do detentor dos direitos autorais do trabalho original para a reprodução especificada na revista Linha D'Água. A permissão deve ser endereçada ao autor do manuscrito submetido. Os direitos obtidos secundariamente não serão repassados em nenhuma circunstância.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Números do Financiamento 2021/01490-8 -
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Números do Financiamento 2022/02548-2
