A realidade feminina moldada pela linguagem: estereotipagem e misoginia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i2p10-30Palavras-chave:
Feminilidade, Estereótipo, Inclusão social, SemiolinguísticaResumo
No âmbito do tema mais amplo da publicação em apreço, Texto, Sociedade e Democracia, objetivamos, com esta pesquisa, realizar uma análise semiolinguística da representação do feminino em diferentes contextos. De modo particular, visamos averiguar a construção textual-discursiva do preconceito ainda hoje vigente contra a mulher nos termos de sua ridicularização, criminalização e violação. Para a realização do trabalho, nos debruçaremos tanto sobre (i) duas questões elaboradas para concurso público que foram anuladas em vista de seu conteúdo machista, quanto sobre (ii) uma narrativa ficcional com potencial argumentativo – no caso, o romance A vida invisível de Eurídice Gusmão (Batalha, 2016) –, na análise de (um)a história de misoginia. Utilizaremos uma metodologia descritivo-interpretativista, levando em consideração o percurso teórico-metodológico proposto por Charaudeau, em três níveis: situacional, discursivo e semiolinguístico. Esperamos, assim, contribuir com as pesquisas linguísticas e trazer a lume um tema que ainda precisa, infelizmente, ser muito debatido.
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