Além da impolidez: como práticas antidemocráticas podem regimentar cenários de violência linguístico-discursiva no X
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i2p119-139Palabras clave:
Interações mediadas on-line, Texto, Democracia, Sociedade, ViolênciaResumen
Esta pesquisa objetiva examinar como os/as interagentes regimentam cenários de violência linguístico-discursiva, por meio de estratégias de impolidez, na plataforma X, ressaltando-se de que maneira essas estratégias – utilizadas por internautas com afiliações político-partidárias divergentes – operam para a desestabilização do debate público e o enfraquecimento dos princípios democráticos. No âmbito teórico, abordamos os estudos de (im)polidez inscritos na primeira, na segunda e na terceira ondas, que englobam, respectivamente, os domínios linguístico, sociodiscursivo e sociointeracional. No âmbito metodológico, adotamos uma pesquisa, a um só tempo, qualitativa, netnográfica e crítica, propondo cinco etapas: a pré-seleção de notícias, a seleção de comentários no X, o mapeamento de recursos linguístico-discursivos, a análise desses recursos, e a reflexão crítica acerca do tema e dos dados. No âmbito analítico, observamos, especialmente, o uso de estratégias de polidez insincera, de impolidez direta e de impolidez positiva, o que pode resultar em um trabalho relacional desarmônico, que decorre da disputa discursiva entre crítica, justiça social e resistência versus desrespeito, impolidez e violência. Torna-se imprescindível refletirmos acerca da violência linguístico-discursiva para entender as dinâmicas conflituosas em ambientes digitais; e, ainda, para promover práticas interacionais mais éticas, que preservem o respeito mútuo e fortaleçam os princípios democráticos.
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Referencias
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