Além da impolidez: como práticas antidemocráticas podem regimentar cenários de violência linguístico-discursiva no X

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i2p119-139

Palabras clave:

Interações mediadas on-line, Texto, Democracia, Sociedade, Violência

Resumen

Esta pesquisa objetiva examinar como os/as interagentes regimentam cenários de violência linguístico-discursiva, por meio de estratégias de impolidez, na plataforma X, ressaltando-se de que maneira essas estratégias – utilizadas por internautas com afiliações político-partidárias divergentes – operam para a desestabilização do debate público e o enfraquecimento dos princípios democráticos. No âmbito teórico, abordamos os estudos de (im)polidez inscritos na primeira, na segunda e na terceira ondas, que englobam, respectivamente, os domínios linguístico, sociodiscursivo e sociointeracional. No âmbito metodológico, adotamos uma pesquisa, a um só tempo, qualitativa, netnográfica e crítica, propondo cinco etapas: a pré-seleção de notícias, a seleção de comentários no X, o mapeamento de recursos linguístico-discursivos, a análise desses recursos, e a reflexão crítica acerca do tema e dos dados. No âmbito analítico, observamos, especialmente, o uso de estratégias de polidez insincera, de impolidez direta e de impolidez positiva, o que pode resultar em um trabalho relacional desarmônico, que decorre da disputa discursiva entre crítica, justiça social e resistência versus desrespeito, impolidez e violência. Torna-se imprescindível refletirmos acerca da violência linguístico-discursiva para entender as dinâmicas conflituosas em ambientes digitais; e, ainda, para promover práticas interacionais mais éticas, que preservem o respeito mútuo e fortaleçam os princípios democráticos.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Rodrigo Albuquerque, Universidade de Brasília

    Doutor em Lingüística pela Universidade de Brasília, Brasil (2015). Professor Adjunto da Universidade de Brasília, Brasil.

  • Mayara Esteves Costa, Universidade de Brasília

    Licenciada em Letras (Língua Portuguesa) pela Universidade de Brasília, Brasil (2023).

Referencias

ALBUQUERQUE, R.; SOUSA, A. L. N. “Gente, temos um gênio aqui”: a cocostrução da violência linguístico-discursiva em uma interação no Twitter. Letras Raras, v. 11, n. 3, p. 377-404, 2022.

ALMEIDA, M. Eles escutam vozes. O Globo, março, 2021. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/eles-escutam-vozes.html. Acesso em: 02 out. 2025.

ARUNDALE, R. B. Face as relational and interactional: A communication framework for research on face, facework and politeness. Journal of Politeness Research, v. 2, n. 2, p. 193-216, 2006. Disponível em: https://www.degruyter.com/journal/key/jplr/2/2/html. Acesso em: 02 out. 2025.

BENJAMIN, J. Eristic, Dialectic, and Rhetoric. Communication Quartely, v. 31, n. 1, p. 21-26, 1983. DOI: http://doi.org/10.1080/01463378309369481.

BROWN, P.; LEVINSON, S. C. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis: Vozes, 2006.

CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, v. 16, n. 2, p. 221-236, 2003. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/rpe/issue/view/1457. Acesso em: 02 out. 2025.

CULPEPER, J. Politeness and impoliteness. In: ANDERSEN, G.; AJIMER, K. (Eds.). Pragmatics of Society. Berlin: Mouton de Gruyter, 2011. p. 393-438.

CULPEPER, J. Towards an anatomy of impoliteness. Journal of Pragmatics, v. 25, n. 3, p. 349-67, 1996. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-pragmatics/vol/25/issue/3. Acesso em: 02 out. 2025.

EELEN, D. A Critique of Politeness Theories. Manchester: St. Jerome, 2001.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e Mudança Social. Tradução de Izabel Magalhães. Brasília: Editora da UnB, 2001.

FLICK, U. Desenho da Pesquisa Qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GOFFMAN, E. Interaction Ritual: essays on face-to-face behavior. United Kingdom: Penguin University Books, 1967.

GRAINGER, K. ‘First order’ and ‘second order’ politeness: Institutional and intercultural contexts. In: Linguistic Politeness Research Group (Eds.). Discursive approaches to politeness. Berlin and Boston: Walter de Gruyter, 2011. p. 167-188.

HAUGH, M. The discursive challenge to politeness research: An interactional alternative. Journal of Politeness Research, v. 3, n. 2, p. 295-317, 2007. Disponível em: https://www.degruyter.com/journal/key/jplr/3/2/html. Acesso em: 02 out. 2025.

HENRIQUE, T. Covid-19 e a Internet (ou estou em isolamento social físico). Interfaces Científicas, v. 8, n. 3, p. 5-8, 2020. Disponível em: https://periodicosgrupotiradentes.emnuvens.com.br/humanas/article/view/8713. Acesso em: 02 out. 2025.

KÁDÁR, D. Z.; HAUGH, M. Understanding Politeness. United Kingdom: Cambridge University Press, 2013.

KOZINETS, R. V. Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Penso, 2014.

LAKOFF, R. The logic of politeness; or, minding your p’s and q’s. In: CORUM, Claudia et al. (Eds.). Papers from the Ninth Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society, p. 292-305, 1973.

LEECH, G. N. Principles of Pragmatics. London: Longman, 1983.

LOCHER, M. A.; WATTS, R. J. Politeness theory and relational work. Journal of Politeness Research, v. 1, n. 1, p. 9-33, 2005. Disponível em: https://www.degruyter.com/journal/key/jplr/1/1/html. Acesso em: 02 out. 2025.

MAGALHÃES, I.; MARTINS, A. R.; RESENDE, V. M. Análise de Discurso Crítica: Um método de pesquisa qualitativa. Brasília: Editora UnB, 2017.

MASON, J. Qualitative Researching. 2nd ed. London, Thousand Oaks and New Delhi: SAGE, 2002.

MILLS, S. Gender and Politeness. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.

SEARA, I. R. Ligações vertiginosas: violência verbal em ‘comentários’ nas redes sociais. Calidoscópio, v. 19, n. 3, p. 385-397, 2021. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/23263. Acesso em: 02 out. 2025.

TERKOURAFI, M. Beyond the micro-level in politeness research. Journal of Politeness Research, v. 1, n. 2, p. 237-262, 2005. Disponível em: https://www.degruyter.com/journal/key/jplr/1/2/html. Acesso em: 02 out. 2025.

THOMPSON, J. B. A interação mediada na era digital. Tradução de Richard Romancini. Matriz, v. 12, n. 13, p. 17-44, 2018. Disponível em: https://revistas.usp.br/matrizes/article/view/153199. Acesso em: 02 out. 2025.

THOMPSON, J. B. The media and modernity: a social theory of the media. Cambridge: Polity, 1995.

WALTON, D. The New Dialectic: Conversational Contexts of Argument. Toronto: University of Toronto Press, 1998.

WATTS, R. J. Linguistic politeness research: Quo vadis? In: WATTS, R. J.; IDE, S.; EHLICH, K. (Eds.). Politeness in Language: Studies in its History, Theory and Practice. 2nd ed. Berlin and New York: Mouton de Gruyter, 2005. p. xi-xlvii.

Publicado

2025-08-31

Cómo citar

ALBUQUERQUE, Rodrigo; COSTA, Mayara Esteves. Além da impolidez: como práticas antidemocráticas podem regimentar cenários de violência linguístico-discursiva no X. Linha D’Água, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 119–139, 2025. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v38i2p119-139. Disponível em: https://revistas.usp.br/linhadagua/article/view/234898.. Acesso em: 24 dec. 2025.