Morte e vida plathiana: tanatografia e cronotopo do suicídio na sobrevivência da mulher escritora
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i3p79-97Mots-clés :
Cronotopo, Tanatografia, Suicídio, A redoma de vidro, Sylvia PlathRésumé
Neste artigo, analisamos a relação entre tanatografia e o cronotopo do suicídio em Sylvia Plath. Por meio da análise do romance A Redoma de Vidro (1963; 2019), de seus relatos nos diários e dos ecos dessa questão em sua poesia, discutiremos uma tese fulcral deixada por Virginia Woolf: a condição da “mulher incomum”, ou seja, a mulher que é escritora. Em sua trajetória, Sylvia Plath movimentou indícios de forças pulsionais presentes em seu processo de criação, colocando em questão os limites da escrita e uma compreensão da escrita de morte nos seus relatos de vida e no seu escrito ficcional. Na sua imagem póstuma e de autoria estilizada (Bakhtin, 2002, p. 212), marcada como alguém que cometeu morte voluntária, sob a perspectiva do cronotopo suicidário, movimentamos a análise dos mecanismos dialógicos da decomposição biográfica presente na escrita plathiana. Assim, a construção discursiva de relatos de vida e de autoria feminina ganham novos contornos nesse romance com as variantes e vertentes tanatográficas da loucura, do delírio e da iminência do suicídio: para alguns, somente da personagem; para outros, da autora e da personagem. Aproximando interfaces bakhtinianas com elementos cronotópicos, a tanatografia plathiana movimenta um thanatos e uma grafia que faz do ato suicida diretriz de prosa autoconsciente.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
AMARAL, L. L. O. A arte de morrer: a poética do suicídio de Sylvia Plath. Revista Estação Literária, Londrina, v. 20, 2018.
ALESSANDRI, S. M. B. Um estudo psicanalítico acerca do suicídio em Sylvia Plath. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). PUC/São Paulo, São Paulo, 2008.
ASSIS, M. de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 12. ed. São Paulo: Editora Ática S.A, 1987.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética – A teoria do romance. 5ª ed. São Paulo: Editora Hucitec Annablume, 2002.
BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. 2. ed. Tradução: Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
BAKHTIN, M. Teoria do romance II: as formas do tempo e do cronotopo. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2018.
BUBNOVA, T. Fondamenta degli incurabili: (sobre o grande tempo). Bakhtiniana, v. 12, n. 1, p. 65-75, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/2176-457329673.
BUBNOVA, T. O que poderia significar o “Grande Tempo”? Bakhtiniana, v. 10, n. 2, p. 5-16, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/2176-457323260.
CARVALHO, A. C. A poética do suicídio em Sylvia Plath. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
CLARK, K.; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2008.
DURKHEIM, É. O suicídio: estudo de sociologia. Trad. de Mônica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FREUD, S. Contribuições para uma discussão acerca do suicídio. In: FREUD, S. Cinco lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, volume XI. Tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
FREUD, S. O mal-estar na civilização. In: O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros trabalhos: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
FREUD, S. Luto e melancolia. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
FREUD, S. As pulsões e seus destinos. Edição bilíngue. 1. ed. Editora Autêntica, 2013.
FREUD, S. A interpretação dos sonhos. In: FREUD, S. Obras Completas, volume 4. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2019 [1900].
MACHADO, I. A. O romance e a voz: a prosaica dialógica de M. Bakhtin. Série Diversos. Dir. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago Ed. São Paulo: FAPESP, 1995.
MINOIS, G. História do suicídio: a sociedade ocidental diante da morte voluntária. Tradução: Fernando Santos. São Paulo: Ed. Unesp, 2018.
MORSON, G. S.; EMERSON, C. Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística; tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
PLATH, S. A redoma de vidro. Tradução de Chico Mattoso. 2. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca Azul, 2019.
PLATH, S. Os Diários de Sylvia Plath. 2. ed. Tradução: Celso Nogueira. São Paulo: Biblioteca azul, 2017.
RIBEIRO, L. F. Mulheres de papel: um estudo do imaginário em José de Alencar e Machado de Assis. Niterói: EdUFF, 1996.
SILVA JUNIOR, A. R. da. Morte e decomposição biográfica em Memórias Póstumas de Brás Cubas. 2008. 216 f. Tese (Doutorado em literatura Comparada) – Instituto de Letras. Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ).
SILVA JUNIOR, A. R. da. Tanatografia e morte literária: decomposições biográficas e reconstruções dialógicas. ComCiência, n. 163, 2014.
WOOLF, V. Profissões para mulheres e outros artigos feministas. Tradução de Denise Bottmann. Porto Alegre: L&PM, 2020.
WOOLF, V. Mulheres e ficção. Tradução de Leonardo Fróes. São Paulo: Penguin Classics; Companhia das Letras, 2019.
WOOLF, V. Mrs Dalloway. Tradução: Claudio Alves Marcondes. São Paulo: Penguin Companhia, 2017.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Augusto Rodrigues da Silva Junior, Gerlanea Taisa Toledo da Silva, Marcos Eustáquio de Paula Neto 2025

Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale 4.0 International.
A aprovação dos manuscritos implica cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a Linha D'Água. Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem à instituição a qual a revista encontra-se vinculada. Em relação à disponibilidade dos conteúdos, a Linha D'Água adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC Atribuição não comercial. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos autorais à revista.
Nesses casos, em conformidade com a política de acesso livre e universal aos conteúdos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou do Editor. Em quaisquer outras situações a reprodução total ou parcial dos artigos da Linha D'Água em outras publicações, por quaisquer meios, para quaisquer outros fins que sejam natureza comercial, está condicionada à autorização por escrito do Editor.
Reproduções parciais de artigos (resumo, abstract, resumen, partes do texto que excedam 500 palavras, tabelas, figuras e outras ilustrações) requerem permissão por escrito dos detentores dos direitos autorais.
Reprodução parcial de outras publicações
Citações com mais de 500 palavras, reprodução de uma ou mais figuras, tabelas ou outras ilustrações devem ter permissão escrita do detentor dos direitos autorais do trabalho original para a reprodução especificada na revista Linha D'Água. A permissão deve ser endereçada ao autor do manuscrito submetido. Os direitos obtidos secundariamente não serão repassados em nenhuma circunstância.
