Charge continuada: intertextualidade a favor da liberdade de expressão

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v38i2p101-118

Palabras clave:

Charge, Liberdade de expressão, Intertextualidade

Resumen

A proposta deste artigo é expor como o recurso da intertextualidade foi utilizado como forma de resistência a atos censores realizados no Brasil. A análise irá detalhar um caso envolvendo charges, ocorrido no ano de 2020. O alvo foi um trabalho de Renato Aroeira. Um desenho dele, crítico ao ex-presidente Jair Bolsonaro, motivou o governo federal a acionar a Lei de Segurança Nacional contra o cartunista. O episódio formou uma rede de apoio. Outros cartunistas reproduziram a arte da charge ou se basearam em elementos dela, estabelecendo uma relação intertextual. O movimento ficou conhecido como “charge continuada”. Defende-se a hipótese de que a iniciativa de solidariedade só foi possível por meio do recurso intertextual. O arcabouço teórico está ancorado nos estudos da Linguística Textual brasileira.

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Biografía del autor/a

  • Paulo Ramos, Universidade Federal de São Paulo

    Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, Brasil (2007). Professor Adjunto na Universidade Federal de São Paulo, Brasil.

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Publicado

2025-08-31

Cómo citar

RAMOS, Paulo. Charge continuada: intertextualidade a favor da liberdade de expressão. Linha D’Água, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 101–118, 2025. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v38i2p101-118. Disponível em: https://revistas.usp.br/linhadagua/article/view/235380.. Acesso em: 24 dec. 2025.