Antecedentes de um romance gótico brasileiro: o conto "Maria Vitória" e o manuscrito de Fronteira
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9826.literartes.2022.199224Palavras-chave:
Fronteira, Cornélio Penna, Gótico, Conto, ManuscritoResumo
Entre as muitas narrativas brasileiras que flertam, sob diversos aspectos, com as poéticas do mal, Fronteira (1935) é particularmente notável. O primeiro romance de Cornélio Penna estabelece um diálogo de mão dupla com a tradição literária do gótico, alimentando-a ao mesmo tempo que é por ela alimentado, e apresenta uma fonte inesgotável de pontos de observação: a estrutura lacunar de enredo; a narração em modo de fluxo de consciência; o narrador autodiegético, paranoico, não confiável e dono de uma sensibilidade mórbida; o campo semântico ligado à escuridão, ao fantasmagórico, ao lúgubre, à morte etc.; o locus horribilis, que se manifesta em diversos níveis, e o passado fantasmagórico, que se manifesta na alusão frequente a crimes e transgressões pretéritas, condicionando as existências dos protagonistas. Neste artigo, pretendemos explorar o processo de criação de Fronteira a partir de dois antecedentes: o manuscrito da obra e o conto “Maria Vitória”, publicado em 1923 na revista América. Procuraremos demonstrar que, por meio de procedimentos de supressão de informações acerca de personagens e determinados eventos, o autor obteve efeitos de suspense e mistério que intensificaram a natureza gótica de sua obra.
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