“A sintaxe é também uma arma”: Vidas Secas nos estertores do romance de 30
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2023.210607Palavras-chave:
Vidas Secas, Graciliano Ramos, Romance de 30, Literatura e sociedadeResumo
O presente artigo propõe uma leitura interpretativa de Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos. Último romance escrito pelo autor, trata-se de obra incontornável da moderna prosa de ficção brasileira justamente porque condensa em sua fatura formal impasses estético-ideológicos herdados pelo romance de 30 do primeiro momento modernista. Tais impasses dizem respeito sobretudo à posição do narrador (e do intelectual) diante da complexa tarefa de plasmar a vida dos pobres, pressuposta a profunda ambiguidade que marca o processo modernizador brasileiro. Conforme a perspectiva aqui defendida, Vidas Secas enforma um impasse estético de representação nomeado pelo binômio intelectual-pobres, cujo sentido acusa um limite da prosa de ficção de sua época – problema este que pautará parte significativa da literatura brasileiras nas décadas subsequentes.
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