“A sintaxe é também uma arma”: Vidas Secas nos estertores do romance de 30

Autores

  • Dimitri Takamatsu Arantes Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2023.210607

Palavras-chave:

Vidas Secas, Graciliano Ramos, Romance de 30, Literatura e sociedade

Resumo

O presente artigo propõe uma leitura interpretativa de Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos. Último romance escrito pelo autor, trata-se de obra incontornável da moderna prosa de ficção brasileira justamente porque condensa em sua fatura formal impasses estético-ideológicos herdados pelo romance de 30 do primeiro momento modernista. Tais impasses dizem respeito sobretudo à posição do narrador (e do intelectual) diante da complexa tarefa de plasmar a vida dos pobres, pressuposta a profunda ambiguidade que marca o processo modernizador brasileiro. Conforme a perspectiva aqui defendida, Vidas Secas enforma um impasse estético de representação nomeado pelo binômio intelectual-pobres, cujo sentido acusa um limite da prosa de ficção de sua época – problema este que pautará parte significativa da literatura brasileiras nas décadas subsequentes.

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Biografia do Autor

  • Dimitri Takamatsu Arantes, Universidade de São Paulo

    Dimitri Takamatsu Arantes desenvolve pesquisa de doutorado a respeito do romance de 30 no Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, sob a orientação da professora Ana Paula Sá e Souza Pacheco.

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Publicado

2023-06-26

Edição

Seção

Ensaios de Curso

Como Citar

“A sintaxe é também uma arma”: Vidas Secas nos estertores do romance de 30. (2023). Magma, 28(18), 82-106. https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2023.210607