Entre Currais e Campos de Concentração: Heterotopias das Zonas de Confinamento em Textualidades da Seca de 1932 no Ceará

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2024.225528

Palavras-chave:

campo de concentração, curral, seca, textualidade, heterotopia

Resumo

A partir dos fluxos migratórios de sertanejos aos centros urbanos que caracterizam significações particulares à Seca de 1932, foram retomadas zonas de confinamento para cercear o livre trânsito de flagelados. Ora nomeadas por campos de concentração nos documentos oficiais, ora chamadas por currais em designações dos civis e dos retirantes, os espaços de confinamento adornam-se de significados distintos em conjunto com os textos que os elaboram. Neste sentido, este artigo mobiliza textualizações testemunhais sobre estes acontecimentos a fim de discutir as proposições de sentidos em que estas palavras se enredam como desígnios ao espaço e aos contextos de vida nele possíveis; e, com isso, firmam-se como heterotopias das relações com a seca.

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Biografia do Autor

  • Daniel Macêdo, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutorando em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, bolsista da CAPES e integrante do Núcleo de Estudos Tramas Comunicacionais: Narrativa e Experiência.

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Publicado

2024-12-20

Edição

Seção

ARTIGOS

Como Citar

Macêdo, D. (2024). Entre Currais e Campos de Concentração: Heterotopias das Zonas de Confinamento em Textualidades da Seca de 1932 no Ceará. Novos Olhares, 13(2), 124-136. https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2024.225528