A sublime alegria dionisíaca em Ópera dos Mortos, de Autran Dourado
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2019.153704Palavras-chave:
Apolíneo, Dionisíaco, Alegria, Nietzsche, Sublime, TrágicoResumo
Este texto apresenta uma reflexão sobre a intrínseca alegria do trágico conforme a filosofia nietzschiana. Para Nietzsche, o trágico não é fundamentado apenas na tristeza ou na inevitável conotação negativa associada a ele. O trágico, por meio da sobreposição de forças apolíneas e dionisíacas, tem a potência de revelar a alegria em sua forma mais plena, de sobrepujar a dor inerente à vida e a certeza de sua finitude, e de celebrar a existência em sua pujança. O romance Ópera dos mortos, de Autran Dourado, é o objeto de estudos escolhido por exemplificar a alegria do trágico da perspectiva nietzschiana. Ópera dos mortos faz parte da trilogia da Família Honório Cota e conta a história de Rosalina, herdeira única de um clã rural decadente, que tem seus instintos femininos mais íntimos cerceados pela sociedade patriarcal tradicionalista da cidade em que vive. Isolada na casa em ruínas, construída por duas gerações antepassadas e amparada significativamente por uma criada muda, Rosalina se vê, de repente, dividida. Inconscientemente, a protagonista busca harmonizar as características apolíneas legadas a ela pela criação austera dos pais e o inesperado amor dionisíaco, em uma intensa busca pelo sentido da vida em sua imanência e não além dela.
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