Destinos sem grandeza: a trajetória trágica das mulheres em Memórias Póstumas de Brás Cubas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2019.154955Palavras-chave:
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Tragicidade, Personagens femininasResumo
O presente trabalho visa discutir o lugar trágico feminino retratado na obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Busca-se, através da análise, empreender uma discussão acerca da figura feminina enclausurada nos (des)caminhos do século XIX, restritos ao lar e dependentes da figura masculina. Machado de Assis, na obra estudada, mostra a figura feminina pelas lentes de seu século, entretanto, fornece o retrato de mulheres que têm vontades e desejos. Para os estudos machadianos foram utilizados os estudos de Barbosa (1989), Bosi (2006 e 2017) e Zolin (1994) entre outros. Como suporte para os conceitos da tragicidade recorremos a Vernant (1999) e Most (2001). Através da crítica tecida por Machado, tem-se uma noção da delimitação dos espaços permitidos e das possibilidades restritas ao corpo feminino. Marcela, Eugênia, Virgília e Eulália representam mulheres que se dirigem ao casamento e ao lar de diferentes maneiras. Suas vidas são o resultado de um pensamento cultural imbuído da ideia de que, à mulher, está reservado um único papel, o de esposa e mãe. Em nossa leitura, Machado aponta para os “destinos sem grandeza”, indicando uma tragicidade baseada na incompatibilidade entre homem e mundo, aspecto que fundamenta a existência humana.
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