A hora dos ruminantes, de José J. Veiga: o mundo visto pelos olhos de Manarairema
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2019.155003Palavras-chave:
Modernização, Impasses, Reconfiguração da realidade, Nostalgia, InsólitoResumo
O artigo busca desenvolver a hipótese de que o romance A hora dos ruminantes, de José J. Veiga, reelabora de forma consequente os impasses da modernização do Brasil na segunda metade do século XX. O argumento chave é o de que o cerne do romance está na forma como os munícipes dessas pequenas cidades do interior do país, como a isolada Manarairema, reconfiguram sua realidade frente a um cenário de rápidas transformações. Atribuindo à modernidade ora a insígnia do progresso e da eliminação da miséria, ora da morte dos antigos costumes e tradições, os manarairenses recorrem à idealização de um passado tranquilo no campo. Mas essa reconfiguração da realidade não se restringe a um sentimento de nostalgia: os bois e cachorros que invadem a cidade ao fim do romance, misturando elementos familiares da vida rural e fantasia, são prenúncio de uma grande mudança: a modernização. Sugere-se, no artigo, que o insólito em Veiga pode estar ligado a uma construção figurativa que se aproxima mais de nossa realidade concreta do que a um mundo fantasioso.
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