Espaços barrocos: da arquitetura irrompe a carne
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.173747Palavras-chave:
Lúcio Cardoso, Adriana Varejão, Crônica da casa assassinada, BarrocoResumo
Pretendemos, nesse texto, esboçar uma leitura da plasticidade, dos tecidos do texto, do corpo e da escultura/arquitetura presentes em Crônica da casa assassinada (1959) e em trabalhos de Adriana Varejão. Entendendo-as como impasses frente à dicotomia alma-corpo e, então, a narrativas morais fundada em um sistema colonial-cristão de dominação, sugerimos que suas propostas estéticas operam de forma a tensionar essa divisão por meio de uma beleza convulsiva da linguagem na qual violência e resistência, repulsa e atração procuram uma conciliação impossível. O efeito desse confronto, assim, nos permite adentrar em um campo no qual o barroco surge, seguindo considerações de Schollhammer ([2007] 2016), como gesto sensível sobre o leitor, promovendo a desestabilização tanto de seus conceitos quanto de sua subjetividade.
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