Da margem à escrevivência: a memória ancestral na poesia de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.187559Palavras-chave:
Conceição Evaristo, Memórias ancestrais, Fragmentação, Escrevivência, IdentidadesResumo
A memória pode ser considerada a arma de resistência mais sutil dos negros da diáspora, pois foi por meio dela que sobreviveram a todos os processos de opressão e apagamento aos quais foram submetidos. Mediante à narrativa oral, que veiculava os valores da Mãe África, os afrodescendentes buscaram reconstruir uma memória através da negritude ancestral que não se perdeu na travessia do Atlântico. As memórias coletivas femininas presentes nas escrevivências de Conceição Evaristo (re)tecem identidades racializadas que ganham corpo político nas margens geográficas, enquanto grupos diversos culturalmente. Nesse sentido, o presente trabalho discutirá a construção da margem como um lugar de resistência formadora de identidades marejadas de experiências subjetivas, gerando, em diferentes instâncias, discursos pungentes e emancipadores, característicos da literatura afro-brasileira.
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