Da margem à escrevivência: a memória ancestral na poesia de Conceição Evaristo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.187559

Palavras-chave:

Conceição Evaristo, Memórias ancestrais, Fragmentação, Escrevivência, Identidades

Resumo

A memória pode ser considerada a arma de resistência mais sutil dos negros da diáspora, pois foi por meio dela que sobreviveram a todos os processos de opressão e apagamento aos quais foram submetidos. Mediante à narrativa oral, que veiculava os valores da Mãe África, os afrodescendentes buscaram reconstruir uma memória através da negritude ancestral que não se perdeu na travessia do Atlântico. As memórias coletivas femininas presentes nas escrevivências de Conceição Evaristo (re)tecem identidades racializadas que ganham corpo político nas margens geográficas, enquanto grupos diversos culturalmente. Nesse sentido, o presente trabalho discutirá a construção da margem como um lugar de resistência formadora de identidades marejadas de experiências subjetivas, gerando, em diferentes instâncias, discursos pungentes e emancipadores, característicos da literatura afro-brasileira.

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Biografia do Autor

  • Ana Beatriz dos Santos, Universidade Federal de São Paulo - Unifesp

    Graduanda em Letras, com habilitação em Português e Francês (Licenciatura) na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH/Unifesp).

  • Amanda Fernandes Teixeira Cordeiro, Universidade Federal de São Paulo - Unifesp

    Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP) e professora adjunta
    na Graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH/UNIFESP), campus de
    Guarulhos.

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

Santos, A. B. dos, & Cordeiro, A. F. T. (2021). Da margem à escrevivência: a memória ancestral na poesia de Conceição Evaristo: . Opiniães, 19, 291-318. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.187559