O bem-amado e o corpo em disputa na obra de Dias Gomes
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2024.227941Palavras-chave:
Dias Gomes, O bem-amado, corpo, poder, biopolíticaResumo
O presente estudo parte da leitura do texto O bem-amado (2019), do soteropolitano Dias Gomes, e analisa os discursos sobre o corpo enquanto técnicas de dominação política. Evidencia-se, assim, a trajetória política de Odorico Paraguaçu, desde o discurso frente ao corpo miserável de Mestre Leonel, passando à condição de prefeito eleito e tendo sua derrocada ao tentar se apoderar politicamente do corpo de uma das irmãs Cajazeiras para construir seu macabro espetáculo. Para isso, busca-se interpretar a obra em uma chave de metodologia dialógica como caminho fundamental para estabelecer contato estético com Dias Gomes, Odorico Paraguaçu e os demais habitantes de Sucupira. É constituída reflexão sobre como o domínio sobre o corpo do pobre trabalhador foi condição inicial para a atuação política de Odorico e como a tentativa de domínio sobre o corpo de Dulcineia Cajazeira desencadeia seu fim. Nessa trajetória de análise busca-se evidenciar a percepção inscrita na própria obra literária sobre as formas de domínio sobre os corpos. Para a contextualização histórica dos atores sociais em disputa, recorre-se a Victor Nunes Leal (2012) e José Murilo de Carvalho (1997).
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