Patriarcalismo e espectro da crítica social: “Virgem louca, loucos beijos”, de Dalton Trevisan
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.232909Palavras-chave:
Patriarcalismo, Liberdade sexual, Virgem louca, loucos beijos, Dalton TrevisanResumo
Este artigo busca compreender como a narrativa de Virgem louca, loucos beijos (1979) representa a cultura patriarcalista brasileira através dos elementos estéticos, como a utilização metafórica por parte do narrador e as equiparações bíblicas. Nesse aspecto, é muito comum o uso da recontextualização e das fórmulas do mass media para elaborar a crítica social. Contudo, é possível notar a limitação desse espectro reflexivo na medida em que as personagens assim como a voz narrativa endossam o retorno de uma condição de “sujeitos vampirizados, ventríloquos” (Waldman, 2014). Sendo assim, a humanidade lhes escapa e a impressão que se consolida é a da degradação. A ênfase na sexualidade, no aspecto rebaixado da intimidade, ajuda ainda mais a reiterar esse lugar bestializado e sem saída seja para emancipação feminina, seja para a modificação da estrutura histórica cristalizada. Nesse sentido, torna-se importante a metodologia materialista, sobretudo o pensamento adorniano (Adorno, Horkheimer, 1985), para discorrer sobre as possibilidades da representação autenticamente crítica e refletir sobre em que medida o patriarcalismo pode ser revisto quando se tem a ausência de sujeitos e as vozes presentes no texto gozam de uma irresponsabilidade de emissão.
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Referências
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