Enigmas no espelho e as chaves da metaficção em “A filha do escritor”, de Gustavo Bernardo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.233361Palavras-chave:
Literatura brasileira contemporânea, A filha do escritor, Metaficção, Estudos do traumaResumo
A filha do escritor, de Gustavo Bernardo, apresenta questões sobre a percepção da realidade e como ela se constrói discursivamente, por meio do tensionamento de ideias opostas, levadas às últimas consequências para sustentar um ponto de vista. Este trabalho busca compreender como o confronto dessas polaridades engendra a expressão artística de um trauma, em que a distinção entre sanidade e loucura se desfaz, revelando uma frágil fronteira entre o que é considerado real e o que é distorcido pela mente. Além disso, investiga como a metaficção, enquanto instrumento literário, articula esses discursos díspares, convocando o leitor a desconfiar de sua própria percepção do real e a confrontar a possibilidade de que o que é apresentado como real pode ser tão instável quanto a sanidade das personagens. Para isso, são utilizados os estudos sobre metaficção de Linda Hutcheon (1991) e de Gustavo Bernardo (2010). O resultado da pesquisa sugere que a metaficção atua como um instrumento ético, refletindo uma “cegueira social” diante das consequências de um trauma.
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