A loucura como crítica ao patriarcado em Celeste de Maria Benedita Bormann
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.233479Palavras-chave:
Maria Benedita Bormann, Celeste, Loucura, Patriarcado, Literatura brasileiraResumo
Este artigo analisa o romance Celeste (1893), de Maria Benedita Bormann (Délia), com foco na representação da loucura como crítica social ao patriarcado vigente no Brasil do século XIX. A pesquisa propõe uma reavaliação da obra à luz da teoria foucaultiana sobre a loucura enquanto construção social, articulada às normas morais e de gênero impostas às mulheres. A análise busca compreender como a instabilidade psíquica da protagonista encena simbolicamente a ruptura com os padrões idealizados de feminilidade, funcionando como um dispositivo de resistência aos modelos hegemônicos de subjetividade. Considerando o contexto da época em que o romance se passa e a emergência do discurso médico e jurídico sobre o corpo feminino, o artigo destaca como a marginalização da autora e de sua personagem revela a tensão entre desejo e repressão. A leitura crítica propõe, assim, resgatar a relevância de Celeste como uma obra literária que desafia os limites do aceitável em sua época, tanto em termos de forma quanto de conteúdo, reposicionando Maria Benedita Bormann no panorama da literatura brasileira oitocentista.
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