Subjetividades carcomidas: expressões da loucura em “Ciranda de pedra” de Lygia Fagundes Telles
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.233588Palavras-chave:
Ciranda de pedra, Lygia Fagundes Telles, Família, Loucura, Linguagem do delírioResumo
Neste trabalho propomos análise de imagens de loucura construídas por Lygia Fagundes Telles (LFT) em seu romance de estreia, Ciranda de pedra (1954). Em nossa hipótese afirmamos que é através da linguagem do delírio que LFT dá forma e vazão a subjetividades carcomidas, oprimidas por uma estrutura familiar elitista e excludente, centrada na figura do Pai, e cuja linguagem é a da hipocrisia. Por isto, as personagens cujas personalidades são consideradas desviantes vivem o silenciamento e as dores psíquicas decorrentes de tais violências. Estas personagens são postas à margem por desejarem reconhecerem-se como sujeitos e, por vezes, são consideradas loucas, vivendo a marginalização e o ostracismo. A análise traça paralelos entre as aprendizagens de Virgínia, protagonista do romance, as experiências de sua mãe, Laura, e outras personagens centrais à poética da autora, como Kobold, do conto “Anão de Jardim” (1995), e Raíza, do romance Verão no aquário (1963). Tais comparações ajudam-nos a compreender a frequência de certas imagens poéticas no repertório de LFT. Além disto, lançamos mão de leituras sociológicas a fim de identificar a posição da família patriarcal no decênio de 1950 e vislumbrar as relações entre Literatura e Sociedade traçadas no romance.
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