Literatura, arte e loucura em Aurora Cursino
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.233592Palavras-chave:
Arte, Loucura, Literatura, Imagem, Aurora CursinoResumo
Este artigo propõe uma leitura do conjunto de obras plásticas de Aurora Cursino presente no livro Aurora: memórias e delírios de uma mulher da vida, selecionado e organizado por Jeha e Birman. Se Cursino não escreve literatura propriamente dita, aventamos a hipótese de que seu gesto criativo, ao articular texto e imagem, linguagem e loucura, sugere uma formulação e um saber literários. Trata-se de uma produção artística que pode ser lida sob a perspectiva da inespecificidade, exatamente por romper fronteiras entre linguagens artísticas. Para compreender o gesto criativo de Cursino, tomamos como base teórica os estudos de Jeha e Birman, sobretudo a arqueologia promovida pelos pesquisadores a partir do contexto de produção artística em torno da vida e obra de Cursino, além das reflexões de Michel Foucault sobre os conceitos de loucura e linguagem e suas possíveis aproximações com a literatura, e, por fim, as discussões de Didi-Huberman sobre a relação entre sintoma e imagem. Pode-se afirmar que o conjunto artístico de Cursino se dá como uma linguagem inespecífica que, ao associar liberdade artística e a condição de si, se revela como uma obra que evidencia o discurso de dissidentes e atua como chave de resistência contra a exclusão social.
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Referências
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