Elucubrações sobre o conto “Colisão ou O espelho morto” (1964-1965), de Maura Lopes Cançado: a loucura vivida de dentro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2025.233593Palavras-chave:
Maura Lopes Cançado, Loucura, Literatura, LinguagemResumo
Este artigo propõe discutir as aproximações entre a literatura, a linguagem e a loucura na escrita do conto “Colisão ou O espelho morto”, da escritora mineira Maura Lopes Cançado, veiculado nos periódicos cariocas Correio de Manhã e Jornal do Brasil nos anos de 1964 e 1965, e posteriormente integrante da coletânea O sofredor do ver (1968). Como principais referenciais teóricos, utilizou-se Michel Foucault quanto à escrita de si, além da linguagem da loucura presente no teatro barroco do século XVII e no teatro e seu duplo de Antonin Artaud, buscando deslocar o arcabouço teórico à análise do conto, especialmente pelas ideias do “Pensamento do Fora” como espaço da linguagem de outros mundos possíveis. A partir disso, traçou-se o intercâmbio das ideias de Foucault com a de performance e leitura de Paul Zumthor. Concluiu-se que a literatura e a loucura constituem a vivacidade de “Colisão ou O espelho morto”, cujos elementos abrem espaço para um vazio que não é preenchido pela escrita, mas perseguido até o seu limite na criação literária.
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