Reflexões sobre relações interseccionais de poder nas trajetórias de mulheres relações-públicas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-2593.organicom.2023.207469Palavras-chave:
Relações internacionais de poder, Relações públicas, Maternidades, RacismoResumo
O artigo analisa as construções de sentido sobre as relações interseccionais de poder que marcaram a trajetória de quatro mulheres que atuam como relações-públicas. Buscamos responder à questão: de que modo essas relações de poder sustentam as desigualdades vivenciadas pelas relações-públicas no Brasil? A partir da abordagem teórico-metodológica da Análise de Discurso Crítica, os resultados mostram a predominância do discurso da meritocracia, que naturaliza a discriminação vivenciada pelas mulheres, expressa pela naturalização da maternidade, a individualização do trabalho do cuidado e o não reconhecimento do racismo estrutural, entre outros.
Downloads
Referências
ADI, Ana.; AYME-YAHIL, Edna. (eds.). Women in PR. Research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/Communications. Berlim: Quadriga University of Applied Sciences, 2020. Disponível em: https://www.quadriga-hochschule.com/app/uploads/2021/03/QHS_Women-in-PR_Adi-Ayme-Yahil_0.pdf. Acesso em 31 jan. 2023.
AKTAŞ, Melike. Women in Public Relations: Reflections from Academic Research. In: ADI, A.; AYME-YAHIL, E. (eds.). Women in PR. Research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/Communications. Quadriga University of Applied Sciences, 2020, p. 9-18.
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, v. 26, p. 329-376, 2006.
BERTAUX, Daniel. El enfoque biográfico: su validez metodológica, sus potencialidades. Proposiciones, n. 29, marzo de 1999. Traducido por el TCU 0113020 de la Universidad de Costa Rica, de “L’approche biographique: Sa validité méthodologique, ses potentialités”, publicado en Cahiers lnternationaux de Sociologie, vol. LXIX, París, 1980, p. 197-225.
BLAY, Eva Alterman; AVELAR, Lúcia. 50 Anos de Feminismo: Argentina, Brasil e Chile: A construção das mulheres como atores políticos e democráticos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fapesp, 2017.
BENTO, Cida. O pacto da branquitude.1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BRASIL. Lei 5.377, de 11 de dezembro de 1967. Disciplina a Profissão de Relações Públicas e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l5377.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%205.377%2C%20DE%2011%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201967.&text=Disciplina%20a%20Profiss%C3%A3o%20de%20Rela%C3%A7%C3%B5es%20P%C3%BAblicas%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em 01 fev. 2023.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 312-321.
CLINE, Carolyn Garrett. The velvet ghetto: The impact of the increasing number of women in public relations and business communication. San Francisco, CA: IABC Foundation, 1986.
CODATO, Adriano; LEITE, Fernando. Classe social. In: ALMEIDA, Heloisa Buarque; SZWAKO, José (org.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 20-68.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2021.
FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2016.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.
FERRARI, Maria Aparecida. A influência dos valores organizacionais na determinação da prática e do papel dos profissionais de relações públicas: estudo comparativo entre organizações do Brasil e do Chile. 2000. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
FERRARI, Maria Aparecida. Contexto Global e latino-americano da comunicação e relações públicas In: GRUNIG, James E.; FERRARI, Maria Aparecida; FRANÇA, Fábio. Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos. 2. ed. revisada e ampliada. São Caetano do Sul: Difusão, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ISBN: 85-224-3169-8.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da Amefricanidade. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 340-352.
GRUNIG, Larissa. A.; TOTH, Elizabeth. L.; HON, Linda Childers. Women in public relations: how gender influences practice. New York: Guilford, 2001.
GURGEL, Luciana. Estudo em 12 países expõe abismo de gênero no comando das redações, com Brasil “na lanterna”. Media Talks, 22 mar. 2022. Disponível em: https://mediatalks.uol.com.br/2022/03/22/estudo-mostra-baixa-participacao-de-jornalistas-mulheres-no-comando-das-redacoes/. Acesso em: 06 fev. 2023.
HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Revista estudos feministas, Florianópolis, v. 3. n. 2, p. 464-478, segundo semestre 1995.
HOOKS, Bell. Teoria feminista: da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019.
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. 440 p.
HOLTZHAUSEN, Derina. Public relations as activism: postmodern approaches to theory & practice. New York: Routledge, 2016.
KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 67-75.
KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 1986.
L’ETANG, Jaquie. Relaciones públicas: conceptos, práctica y crítica. Barcelona: UOC, 2009.
LEITE, Tayná. Desromantizar é preciso. Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 60-68.
LEITE, Tayná. A mulher que habita em mim: onde ela foi parar? Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 121-129.
LEITE, Tayná. Quem paga essa conta? Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 131-151.
MAHER, Jane Maree. Skills, Not Attributes: Rethinking Mothering as Work. Journal of the Motherhood Initiative for Research and Community Involvement, [S. l.], v. 6, n. 2, 2004. Disponível em: https://jarm.journals.yorku.ca/index.php/jarm/article/view/4917. Acesso em: 12 dez. 2022.
MELO, Hildete Pereira de; CASTILHO, Marta. Trabalho reprodutivo no Brasil: quem faz?. Revista de economia contemporânea, v. 13, n. rev. econ. contemp., 2009 13(1), jan. 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-98482009000100006 Disponível em https://www.scielo.br/j/rec/a/n6MkFMkdcWNq4JfhfzW7DQh/abstract/?lang=pt#. Acesso em 4 jan. 2023.
OLIVEIRA-CRUZ, Milena Freire de. Classe, gênero e dinâmica da vida social. Publicidade e desigualdade: leituras sobre gênero, classe e trabalho feminino. Porto Alegre: Sulina, 2018.
O’REILLY, Andrea. Matricentric feminism: theory, activism, practice. Toronto: Demeter, 2016.
ORTEGA, Sandra M. R. Desafios e percalços de mulheres no exercício profissional de relações públicas: análise de histórias de vida para entender a desigualdade na profissão. 2022. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/D.27.2022.tde-09062022-142949
PERUZZO, Cicilia Krohling. Relações públicas no modo de produção capitalista. São Paulo: Summus, 1986.
PIECZKA, Magda. Looking back and going forward: the concept of the public. Public relations inquiry, v. 8, n. 3, p. 225-244, 2019. DOI: https://doi.org/10.1177%2F2046147X19870269. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/2046147X19870269. Acesso em: 7 fev. 2022.
RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane de Melo. Análise de discurso (para a) crítica: o texto como material de pesquisa. Pontes, 2011.
RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane de Melo. Análise de discurso crítica. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2022.
SANTAMARINA, Cristina; MARINAS, José Miguel. Histórias de vida e história oral. In: DELGADO, Juan Manuel; GUTIÉRREZ, Juan (ed.). Métodos y técnicas cualitativas de investigación en ciencias sociales. Madrid: Síntesis, 1995. p. 257- 285.
SOUZA, Ana Luiza de Figueiredo. Tensionamentos maternos na contemporaneidade: articulações com o cenário brasileiro, Revista crítica de ciências sociais [on-line], n. 123, 2020. DOI: https://doi.org/10.4000/rccs.10972. Disponível em: http://journals.openedition.org/rccs/10972. Acesso em: 17 dez. 2020.
THEODORO, Mário. A sociedade desigual: racismo e branquitude na formação do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2022. p.15-170.
TIBURI, Marcia. Feminismo em comum: para todas, todes e todos. Rio de Janeiro: Record, 2018.
TOPIĆ, Martina (ed.). Women in public relations in England. Leeds/Brussels: Creative Media and Communications Research; Euprera, 2020. (Euprera Report v. 2., n. 1).
VIVAS, Esther. Maternidade em disputa. Mamãe desobediente: um olhar feminista sobre a maternidade. São Paulo: Timo, 2021. p. 17-121.
VERČIČ, Dejan; VAN RULER, Betteke; BÜTSCHI, Gerard; FLODIN, Bertil. On the definition of public relations: a European view. Public relations review, n. 27, p. 373-387, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0363-8111(01)00095-9
XIFRA, Jordi. Public relations anthropologies: French theory, anthropology of morality and ethnographic practices. Public relations review, n. 38, p. 565-573, 2012. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pubrev.2012.05.003
WEY, Hebe. O processo de relações públicas. São Paulo: Summus, 1983.
YEOMANS, Liz. The ‘acceptable face of feminism’ in the UK public relations industry: senior women’s discourse and performativity within the neoliberal PR firm. In: ADI, Ana; AYME-YAHIL, Edna (eds.). Women in PR: research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/communications. Berlim: Quadriga University of Applied Sciences. 2020. p. 39-47. Disponível em: https://www.quadriga-hochschule.com/app/uploads/2021/03/QHS_Women-in-PR_Adi-Ayme-Yahil_0.pdf. Acesso em 31 jan. 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Maria Aparecida Ferrari, Kalliandra Quevedo Conrad, Sandra Milena Ortega Restrepo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-sa/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A submissão implica a cessão de direitos da primeira publicação à revista Organicom, sem pagamento. Os autores podem estabelecer por separado acordos adicionais para a distribuição não exclusiva de versão da obra publicada na revista (como colocar em um repositório institucional ou publicar um livro), com o devido reconhecimento de sua publicação inicial na revista Organicom.