Variação temporal e ontogenética na resposta de fuga de Ameiva festiva (Squamata, Teiidae)

Resumo

Diversos fatores podem influenciar o comportamento de fuga dos lagartos (distância de início da fuga ou FID, a distância entre o predador e a presa quando esta inicia a fuga). Os padrões diários de atividade, como os comportamentos de forrageio ou de movimentação, variam em função da hora do dia, sustentando a ideia de que as respostas de fuga podem variar também temporalmente. Contudo, permenecem escassas as informações relacionadas aos efeitos da hora do dia sobre a FID. Durante o pico de atividade, a FID pode diminuir devido ao aumento do custo de desistir de recursos (e.g., presas ou parceiros potenciais). Uma hipótese alternative é a de que a FID pode aumentar porque a atividade do lagarto em geral pode servir para alertar um predador antes de sua aproximação. Esse cenário pode favorecer a fuga precoce de um lagarto, em vez de tardia. Além disso, lagartos juvenis e adultos de diversas espécies podem diferir em características de comportamento, ecológicas e morfológicas que poderiam influenciar as decisões de fuga. Testei os efeitos da hora do dia (em intervalos de 30 min) e da idade (juvenil ou adulto) sobre a FID de um lagarto teiídeo tropical, Ameiva festiva, na Costa Rica. Descobri que as respostas de fuga de A. festiva variaram com a hora do dia, de modo que, em geral, sua FID diminuiu ao longo do dia. Adicionalmente, observei um pico da FID do meio para o final da manhã que coincide com as estimativas das horas de pico de atividade de A. festiva publicadas na literatura. Em geral, os juvenis de A. festiva iniciaram uma resposta de fuga mais cedo do que os adultos, o que pode estar relacionado com diferenças no risco percebido associado a diferenças no tamanho e na experiência com o predador entre os dois grupos etários. Concluo que as as respostas de fuga podem depender tanto do nível de atividade do animal no momento da aproximação como de sua idade.