O melhor amigo do camelô: uma análise sobre a relação entre o comércio ambulante e a agiotagem

Autores

  • Thiago José Aguiar da Silva Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.212619

Palavras-chave:

Mercados Ilegais, Comércio Ambulante, Agiotagem, Formalização, Etnografia

Resumo

A presente pesquisa descreve, a partir de uma investigação etnográfica, a relação estabelecida entre o comércio ambulante e o mercado ilegal de agiotagem e seus impactos em virtude do processo de formalização dessa primeira atividade econômica. Percebe-se, por meio da observação participante, que os laços construídos entre camelôs e agiotas se mantém à revelia dos estatutos jurídicos desses interlocutores, o qual a lógica que move essa relação se dá por meio da pessoalidade desses sujeitos e da postura dos ambulantes em assimilar o dinheiro emprestado pela agiotagem como um recurso específico para “girar a mercadoria”. Essas caracterizações feitas pelos interlocutores geram garantias específicas na dinâmica desse mercado, na qual a relação entre legal e ilegal se retroalimenta. Conclui-se portanto, o processo de formalização, ao contrário das expectativas governamentais, gera uma maior demanda pelo mercado ilegal de agiotagem.

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Publicado

2023-12-28

Edição

Seção

Dossiê Afetividades Marginais, Grupos Armados e Mercados Ilegais

Como Citar

Silva, T. J. A. da. (2023). O melhor amigo do camelô: uma análise sobre a relação entre o comércio ambulante e a agiotagem. Plural, 30(02), 147-167. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.212619