Os protestos dos protestantes: produção de legitimidade e performances da ONG Rio de Paz

Autores

  • Clayton Guerreiro Mestre em Ciências Sociais pela Universidade federal de São Paulo - UNIFESP, licenciado em História pela Unirio.

DOI:

https://doi.org/10.11606/tyag6h42

Palavras-chave:

Rio da Paz, legitimidade, denúncia, justificação, ação

Resumo

Este artigo pretende analisar a atuação pública de religiosos ligados à Organização Não Governamental Rio de Paz. Considerando as concepções teóricas de Luc Boltanski e Laurent Thévenot, buscar-se-á compreender como os atores desta organização buscam legitimar suas ações, sobretudo em performances de denúncia e crítica ao problema da violência na cidade do Rio de Janeiro. Parte-se do suposto que esta busca por legitimidade se relaciona com a propagação de imagens de sofrimento em consonância com um compromisso em agir em prol dos que estão sofrendo e de que os argumentos utilizados pelo presidente desta ONG remetem a uma gramática referente ao bem comum, capaz de mobilizar atores de diversas esferas da sociedade para as causas que eles defendem.

This article analyzes the public performance of religious connected to Non-Governmental Organization Rio de Paz. Considering the theoretical conceptions of Luc Boltanski and Laurent Thévenot, pick up will understand how the actors of this organization seek to legitimize their actions, especially in performances of denunciation and critical to the problem of violence in the city of Rio de Janeiro. It starts from the supposed that this search is related to legitimacy with the spread of images of suffering in line with a commitment to act on behalf of those who are suffering and that the arguments used by the president of this NGO refer to a grammar about the good common, able to mobilize actors from different spheres of society to the causes they advocate.

Referências

BOLTANSKI, Luc. 1990a. L'amour et la justice comme compétences: trois essais de sociologie de l'action. Paris: Métailié. DOI : 10.3917/meta.bolta.1990.01

______. 1990b. “Sociologie critique et sociologie de la critique”. Politix vol. 3, n. 10-11: p. 124-134.

______. 1993. La souffrance à distance. Paris: Éditions Métailié.

BOLTANSKI, Luc; DARRE, Yann; SCHILTZ, Marie-Ange. 1984. “La dénonciation”. Actes de la recherche en sciences sociales v. 51, p. 3-40.

BOLTANSKI, Luc; THÉVENOT, Laurent. 1991. De la justification: Les économies de la grandeur. Paris: Éditions Gallimard.

_____; _____. 1999. “A sociologia da capacidade crítica”. Tradução: Marcos de Aquino Santos. European Journal of Social Theory 2(3). p. 359-377. Sage Publications: London, Thousand Oaks, CA and New Delhi.

BURITY, Joanildo. 2008. “Religião, política e cultura”. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 20, n. 2: p. 83-113. DOI : 10.1590/S0103-20702008000200005

CAMPOS, Leonildo Silveira. 2003. “Evangélicos nas eleições de 2002 – os avanços da Igreja Universal do Reino de Deus”. Cadernos Adenauer, Eleições e Partidos, ano IV, nº 1. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer.

CAMPOS, Luiz Augusto. 2009. “Por uma Sociologia Crítica da Crítica: Relendo Luc Boltanski a partir de Margareth Archer”. Conferência da Associação Internacional para o Realismo Crítico (IACR). UFF, Niterói.

CARDOSO, Douglas Nassif. 2001. Robert Reid Kalley: médico, missionário e profeta. São Bernardo do Campo, SP: Ed. do Autor.

DUARTE, Luiz Fernando Duarte. 1996. “Distanciamento, reflexibilidade e interiorização da pessoa no ocidente”. Mana 2(2): 163-176.

FRESTON, Paul. 1993. Protestantismo e política no Brasil: da constituinte ao impeachment. Campinas: Tese de Doutorado em Ciências Sociais, UNICAMP.

GIUMBELLI, Emerson. 2008. “A presença do religioso no Espaço Público: modalidades no Brasil”. Religião e Sociedade, vol. 28, n.2: 80-100.

DOI : 10.1590/S0100-85872008000200005

GUERREIRO, Clayton. 2015. “Sofredores do presente, libertos no futuro: uma análise da Missão Portas Abertas a partir de Luc Boltanski”. Pensata – Revista dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unifesp. p. 155-134.

HABERMAS, Jünger. 2003. Mudança estrutural na esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

______. Entre Naturalismo e Religião: estudos Filosóficos. 2007. São Paulo: Tempo Brasileiro.

LEITE, Márcia Pereira. 2009. “Religião e política no espaço público: moradores de favelas contra a violência e por justiça”. In: ALMEIDA, Ronaldo e MAFRA, Clara. (Org.) Religiões e Cidades: Rio de Janeiro e São Paulo. São Paulo: Terceiro Nome.

MAIA, Eduardo Lopes Cabral. 2006. “Os evangélicos e a política”. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, vol. 2, nº 2 (4), p. 91-112.

MARIANO, Ricardo. 2003. “Efeitos da secularização do Estado, do pluralismo e do mercado religioso sobre as igrejas pentecostais”. Civitas: Revista de Ciências Sociais. Vol. 3(1), Porto Alegre, EDIPUCRS. DOI : 10.15448/1984-7289.2003.1.112

MARTINS, Paulo Cezar Borges. 1994. Línguas de fogo sobre o Congresso: Os pentecostais na Constituinte. Brasília: Dissertação de Mestrado em Ciência Política, UnB.

MIRANDA, Júlia. 1998. “O jeito cristão de fazer política” In: BARREIRA, Irlys; PALMEIRA, M. (orgs.). Candidatos e candidaturas: enredos de campanha eleitoral no Brasil. São Paulo: Annablume.

MONTERO, Paula. 2006. “Religião, Pluralismo e Esfera Pública no Brasil”. Novos Estudos, Cebrap, nº 74: p. 47-65. DOI : 10.1590/S0101-33002006000100004

______. 2009. Jürgen Habermas: religião, diversidade cultural e publicidade. Novos Estudos, Cebrap, nº 84: p. 199-213.

______. 2012. “Controvérsias Religiosas e Esfera Pública: repensando a religião como discurso”. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 32(1): 167-183.

ORO, Ari Pedro. 2000. “Religião e Política na América Latina: Uma Análise da Legislação dos Países”. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 13, n.27: p. 281- 310.

______. 2003. “A política da Igreja Universal e seus reflexos nos campos religioso e político brasileiros”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 18, nº. 53.

SÁ-CARVALHO, Carolina; LISSOVSKY, Maurício. 2008. “Fotografia e representação do sofrimento”. Revista Galáxia n. 15: p. 77-90.

SCHELIGA, Eva Lenita. 2010. Educando sentidos, orientando uma práxis: etnografia das práticas assistenciais de evangélicos brasileiros. São Paulo: Tese de Doutorado em Antropologia Social, USP.

THÉVENOT, Laurent. 2006. L’action au pluriel: sociologie des régimes d’engagement. Paris: Éditions La Découverte.

DOI : 10.3917/dec.theve.2006.02

Downloads

Publicado

2016-07-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Guerreiro, C. . (2016). Os protestos dos protestantes: produção de legitimidade e performances da ONG Rio de Paz. Ponto Urbe, 18, 1-22. https://doi.org/10.11606/tyag6h42