Classificação e estigmatização: uma abordagem etnográfica na escola

Autores

  • Marina A. Capusso Universidade de São Paulo
  • Nicolau Dela Bandera Arco Netto Universidade de São Paulo
  • Roberta K. Soromenho Nicolete Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/c5ywjw08

Palavras-chave:

escola, classificação, estigmatização

Resumo

Pátio, cantina, o olhar atento dos inspetores, hora do recreio, professores reunidos em uma sala. Compondo esse cenário, o barulho das “troças” e das “peladas” e o grito dos estudantes que se confunde com o toque do sinal que indica a saída e o retorno às salas de aula. No interior dessas, o diário de classe, a chamada, o giz, a lousa, os professores e eles (outrora nós), os alunos. Essa imagem, por ser comum a muitos de nós, fez com que achássemos que estar em uma escola, seria estar em um lugar familiar. No entanto, estar lá, embora tenhamos passado pela escola, não é mais “estar entre iguais”. Além de não nos confundirem com  alunos – éramos chamados “tio” ou “tia” -, o campo na escola mostrou que essa imagem, antes familiar, se apresentava como um cotidiano estranho a nós. Esse estranhamento ocorreu tanto por elementos que ultrapassavam a imagem acima descrita e, portanto, se afastavam da noção de escola que trazíamos, como pela mudança do nosso olhar, pois não tínhamos nenhum papel, em termos institucionais, na escola. Esse “não-lugar”, livre das obrigações e rotinas da escola, também nos garantiu certa invisibilidade que nos permitiu acessar todas as dependências dessa instituição.

Referências

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Publicado

2008-07-30

Edição

Seção

Graduação em Campo

Como Citar

Capusso, M. A. ., Netto, N. D. B. A. ., & Nicolete , R. K. S. . (2008). Classificação e estigmatização: uma abordagem etnográfica na escola. Ponto Urbe, 2, 1-12. https://doi.org/10.11606/c5ywjw08