Notas para uma reflexão sobre as “teorias da conspiração”

Autores

  • Rafael Antunes Almeida Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

DOI:

https://doi.org/10.11606/b0zzjn69

Resumo

Permitam-me começar com um conjunto de pequenas vinhetas etnográficas. Digo vinhetas porque o material em questão não pode ser tratado do mesmo modo como recorrentemente fazemos com as anedotas, especialmente depois que Clifford fez uma aberta crítica a este procedimento estilístico e epistemológico. Segundo o autor a anedota “não é senão um pressuposto de conexão que permite ao escritor funcionar em sua análise subsequente como um exegeta” (Clifford 2008:40) As vinhetas, por seu turno, embora sirvam também de introito, não têm em si contidas o desejo de sumariar nada. Conforme nos explicam Annemarie Mol e John Law, os casos assim apresentados não funcionam como os “casos exemplares”, “... como se fossem representativos de uma lei geral”. (Law;Mol 2002:15). Em contraste com as anedotas – que já congregam toda a explicação -, eles podem articular-se em uma espécie de composição que o autor controla de modo muito precário. Isto posto, o que farei depois de arranjá-las é adicionar uma vinheta final colocando alguns problemas associados às teorias da conspiração.

Biografia do Autor

  • Rafael Antunes Almeida, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

    Doutorado (Antropologia Social) – UNB. Professor Adjunto – Departamento de Antropologia. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.

Referências

ALMEIDA, Rafael Antunes. 2015. “Objetos intangíveis”: ufologia, ciência e segredo. Brasília: Tese de doutorado em Antropologia Social, UNB.

BARKUN, Michael. 2003.A culture of conspiracy: apocalyptic visions in contemporary America. Berkley: University of California Press.

BRUT, Leslie.2005.‘“Lipstick Girls” and “Fallen Women”: AIDS and Conspirational Thinking in PAPUA, Indonesia.’ Cultural Anthropology v.20, n. 3: 412-442.

CLIFFORD, James. 2014. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

DEAN, Jodi.1998. Conspiracy Cultures from outerspaces to cyberspace. New York: Cornell University Press.

FULLER, Stephen. 2018. Embrace the Inner Fox: Post-truth as the STS Symmetry Principle Universalized. Disponível em https://social-epistemology.com/2016/12/25/embrace-the-inner-fox-post-truth-as-the-sts-symmetry-principle-universalized-steve-fuller/#comments. Acesado em 19 de Fevereiro de 2018

HARAMBAM, Jaron; AUPERS,Stef.2015. “Contesting epistemic authority: Conspiracy theories on the boundaries of science” Public Understanding of Science v. 24, n. 4: 466-480

LAW, John; MOL, Annemarie. (2002) Introduction. In. MOL, Annemarie; LAW, John (orgs.) Complexities: social studies of knowledge practices. Durham and London: Duke University Press.

LEPSELTER, Susan.2016. The resonance of unseen things: Poetics, Power, Captivity and UFOs in the American Uncanny. Michigan: Univeristy of Michigan Press.

STEWART, Kathleen. Conspiray Theory’s Worlds. In. MARCUS, George. Paranoia within reason: a casebook on conspiracy as explanation. Chicago: The University of Chicago Press, 1999

WAGNER, Roy.2000. “Our very own cargo cult”.Oceania n.70: 362-372.

Downloads

Publicado

2018-12-28

Edição

Seção

Etnográficas

Como Citar

Almeida, R. A. (2018). Notas para uma reflexão sobre as “teorias da conspiração”. Ponto Urbe, 23, 1-10. https://doi.org/10.11606/b0zzjn69