Antropologia em qual cidade? ou por que a “Amazônia” não é lugar de “antropologia urbana”

Autores

  • Telma de Sousa Bemerguy Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/s4j8ht82

Palavras-chave:

amazônia urbana, antropologia urbana, história da antropologia, interiorização do ensino superior

Resumo

Nesse artigo apresento uma reflexão sobre discursos, eventos, práticas e teorias do campo da antropologia urbana no Brasil que possibilitem compreender os estranhamentos recorrentes provocados pela ideia de uma Amazônia Urbana. A partir da análise sobre o cerne dessa hesitação, apresentarei uma contribuição às reflexões sobre a carência de pesquisas de antropologia urbana em contextos urbanos de menor escala e em cidades não conformadas à imagem da metrópole no Brasil, destacando como as políticas para a interiorização do acesso ao Ensino Superior podem afetar esse quadro.

Biografia do Autor

  • Telma de Sousa Bemerguy, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutoranda/PPGAS/Museu Nacional

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Publicado

2019-07-26

Edição

Seção

Dossiê: Cidades do Interior, Interior das Cidades

Como Citar

Bemerguy, T. de S. (2019). Antropologia em qual cidade? ou por que a “Amazônia” não é lugar de “antropologia urbana”. Ponto Urbe, 24, 1-22. https://doi.org/10.11606/s4j8ht82