Sobre pássaros, estradas e contradições: questões político-sonoras e territorialidades cambiantes em uma vila amazônica

Autores

  • Maria Fantinato

DOI:

https://doi.org/10.11606/3dq74770

Palavras-chave:

escuta, desmatamento, Amazônia, territorialidades, turismo, paisagens sonoras

Resumo

Alter do Chão, pequeno distrito administrativo de Santarém, PA, apelidado de “Caribe da Amazônia”, recebe anualmente pessoas de diversas áreas do mundo e do Brasil, e está localizado próximo à fronteira agrícola em expansão no planalto santareno e zonas de mineração na região do Tapajós. Este artigo explora a dimensão sonora dessa localização de Alter do Chão articulada a sua vocação turística e, a partir de relatos de escuta de pessoas com diferentes relações de enraizamento na vila, argumenta que a materialidade de suas paisagens é também feita de deslocamentos, apagamentos, e transportes do sonoro. Neste sentido, o artigo busca, a partir de reflexões advindas de trabalho de campo, extrapolar perguntas sobre a dimensão política da escuta frente a estratégias de desenvolvimento que transformam paisagens rural-urbanas e afetam modos de vida na Amazônia hoje. Perguntar-se sobre escuta será sempre perguntar-se sobre terra e território.

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Publicado

2019-07-26

Edição

Seção

Dossiê: Cidades do Interior, Interior das Cidades

Como Citar

Fantinato, M. (2019). Sobre pássaros, estradas e contradições: questões político-sonoras e territorialidades cambiantes em uma vila amazônica. Ponto Urbe, 24, 1-22. https://doi.org/10.11606/3dq74770