A queda do céu: um pas-de-deux entre um xamã e um antropólogo
DOI:
https://doi.org/10.11606/82178881Palavras-chave:
amazonia, yanomami, etnografiaResumo
Este artigo é resultado da leitura de um livro publicado há pouco tempo e que tem sido celebrado por alguns importantes antropólogos como um marco na literatura da disciplina. Se trata da mensagem, da grande mensagem de um xamã yanomami que, a partir de seu reduto amazônico, fala conosco, os brancos; o faz por intermédio de um antropólogo francês com o qual havia mantido até então, luma larga relação etnográfica. A mensagem se articula em vários planos: uma cosmologia de um barroquismo assustador, uma história de vida de grande riqueza, uma etnografia selvagem do mundo dos brancos e um ato de acusação contra o risco de aniquilação universal que a carrega a presença dos brancos na vida amazônica. A partir de uma apresentação acurada do livro, o artigo se interroga sobre a relação xamã-etnólogo que subjaz esta obra tão ambiciosa e sobre a não tão surpreendente equivalência entre a acusação do primeiro e a ideologia do repúdio de nós mesmo tão frequente em nossos meios.
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