Fluxos e suspensões: reflexões em relação às experiências em um campo de pesquisa

Authors

  • Maiton Bernardelli Universidade do Vale do Rio dos Sinos
  • José Roque Junges Universidade do Vale do Rio dos Sinos
  • Marcelo Simão Mercante Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.11606/v8j3qj86

Keywords:

reflexividade, etnografia, papéis

Abstract

O objetivo deste trabalho é apresentar reflexões a partir da experiência de campo de uma pesquisa etnográfica realizada na Casa de Recuperação Caminho de Luz, em Rio Branco/AC. A instituição para tratamento de usuários de drogas tem como um de seus pilares o tratamento espiritual através do uso ritual de ayahuasca em sessões que seguem a doutrina da União do Vegetal (UDV). Ao estar em campo, além da preocupação com a busca pelos dados da pesquisa, o pesquisador viu-se comprometido em questões relacionados à profissão de origem – psicólogo e psicoterapeuta. Demandas de gênero, grupo e conflitos conjugais foram emergências que exigiram do profissional espaços para descolamentos do papel de pesquisador ao passo que assinalava tais fenômenos como manifestações do campo. Tais constatações fazem refletir a prática de pesquisa, especialmente em saúde coletiva, como espaços reflexivos onde tencionam práticas profissionais e papéis do pesquisador considerando a importância da delimitação de tais lugares e da neutralidade em campo.

Author Biographies

  • Maiton Bernardelli, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

    Psicólogo, Mestrando em Saúde Coletiva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

  • José Roque Junges, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

    Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

  • Marcelo Simão Mercante, Universidade Federal de São Carlos

    Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos -- Ufscar. 

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Published

2017-07-30

Issue

Section

Especial Ayahuasca e Saúde

How to Cite

Bernardelli, M. ., Junges, J. R. ., & Mercante, M. S. . (2017). Fluxos e suspensões: reflexões em relação às experiências em um campo de pesquisa. Ponto Urbe, 20, 1-17. https://doi.org/10.11606/v8j3qj86