O debate sobre a Lei Seca em Maringá-PR: possíveis contribuições do aporte antropológico

Authors

  • Thomás Antônio Burneiko Meira

DOI:

https://doi.org/10.11606/66jbf104

Keywords:

lei seca, bares, Maringá, etnografia urbana

Abstract

O presente artigo pretende introduzir a perspectiva antropológica nas discussões sobre a Lei Seca, que, desde 2002, limita o expediente de bares e outros equipamentos urbanos similares em algumas cidades brasileiras. Visto que os defensores da legislação alegam que tais locais são favoráveis à desordem e à criminalidade, levanta-se a hipótese de que, mediante o aporte etnográfico, esses espaços podem se revelar como passíveis de comportar relações sociais organizadas e heterogêneas, que transcendem a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. Para tanto, tomar-se-á como referência a análise de uma área compartilhada por famílias e estudantes universitários em Maringá-PR, na qual as medidas restritivas avançam de modo polêmico. A partir desse caso, acredita-se que as possíveis contribuições da disciplina nos permitam questionar se a imposição de sanções ao funcionamento de espaços supostamente ordenados e plurais é, de fato, uma solução viável em contextos marcados pela segregação sócio-espacial.

 

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Published

2013-07-30

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Meira, T. A. B. (2013). O debate sobre a Lei Seca em Maringá-PR: possíveis contribuições do aporte antropológico. Ponto Urbe, 12, 1-20. https://doi.org/10.11606/66jbf104