Percursos e refúgios urbanos: notas sobre a circulação de usuários de crack pela trama institucional da Cracolândia de São Paulo

Autores

  • Deborah Fromm Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/ad1dfk61

Palavras-chave:

crack, Cracolândia, Recomeço, De Braços Abertos, batistas

Resumo

A partir de uma pesquisa etnográfica (2011 – 2015) na Cracolândia, o presente artigo busca lançar luz sobre as relações estabelecidas pelos usuários de crack com a trama institucional local, sobretudo, com os principais programas que atuavam na região neste período, a saber, o Programa Batista “Cristolândia”, o Programa Municipal “De Braços Abertos” e o Programa Estadual “Recomeço”. Partindo dos percursos urbanos de três sujeitos de pesquisa, pretende-se chamar atenção para como esses personagens circulam pelas tentativas institucionais de codificação, assim como as estratégias cotidianas de sobrevivência que lançam mão. Argumento que há um “efeito indesejado do território” que está em tensão com a tentativa institucional de “acabar com a Cracolândia”, o qual potencializa a circulação desses sujeitos pelos distintos programas, ao mesmo tempo em que sedentariza e ajuda a manutenção da vida nas ruas.

Biografia do Autor

  • Deborah Fromm, Universidade Estadual de Campinas

    Centro de Estudos da Metrópole

    Doutoranda em Antropologia Social (UNICAMP)

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Publicado

2017-12-22

Edição

Seção

Dossiê: Em torno da Cracolândia Paulista

Como Citar

Fromm, D. . (2017). Percursos e refúgios urbanos: notas sobre a circulação de usuários de crack pela trama institucional da Cracolândia de São Paulo. Ponto Urbe, 21, 1-17. https://doi.org/10.11606/ad1dfk61