Narrativas de percursos e percursos narrados na superquadra modelo e na Vila do Boa: utopias e distopias em Brasília
DOI:
https://doi.org/10.11606/s4q30p90Palavras-chave:
Brasília, infância, utopia, distopia, etnografiaResumo
O estudo etnográfico explorou contrastes de duas vizinhanças de Brasília distantes 24 quilômetros uma da outra: a superquadra modelo e a Vila do Boa, dando ênfase aos percursos e às narrativas sobre o plano e o vivido. Apresentamos um retrato da vida social de crianças habitantes dos dois contextos, pondo à prova a distância como elemento meramente de diferença. As crianças compartilharam rotinas e experiências a partir de um percurso narrativo por elas guiado em suas vizinhanças, que foi georreferenciado e filmado. Os percursos narrativos foram analisados com base nas noções de utopia e distopia. Noções de distopia foram narradas com respeito à danificação de equipamentos públicos, enquanto noções de utopia foram catalisadas quando trataram de pertencimento ao seu local de moradia. A combinação de uma etnografia urbana e sensorial mostrou potencial para o tratamento de semelhanças e diferenças e, igualmente, possibilitou a compreensão de especificidades de cada contexto.
Referências
ACHUTTI, Luiz Eduardo R. 1997. Fotoetnografia: Um estudo de antropologia visual sobre cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Tomo Editorial.
ARAÚJO, Mara de Fátima. 2009. São Sebastião-DF: do sonho à cidade real. Brasília: Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, UnB.
ArPDF/CODEPLAN/DePHAN, GDF, Brasília. 1991. Relatório do plano piloto de Brasília.
BATESON, Gregory & MEAD, Margaret. 1942. Balinese Character: a photographic analysis. New York: The New York Academy of Sciences.
COELHO NETO, José Teixeira. 1985. O que é utopia? São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense.
CONINCK-SMITH, Ning & GUTMAN, Marta. 2004. “Children and youth in public: making places, learning lessons, claiming territories”. Childhood, Norway, n. 2: 131-141.
DISTRITO FEDERAL. 1998. Decreto n° 19.040, de 18 de fevereiro de 1998. DODF, Brasília, DF.
DURHAM, Eunice Ribeiro. 1986. “A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemas e perspectivas”. In: DURHAM, E. R., A aventura antropológica: teoria e pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra. pp. 17-37.
FREITAG, Barbara. 2002. Cidade dos homens. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
JACOBS, Jane. 1992. The death and life of great American cities. New York: Vintage Books.
DOI : 10.1002/9781119084679.ch4
JOHNSON, Ginger; PFISTER, Anne & VINDROLA‐PADROS, Cecilia. 2012. “Drawings, Photos, and Performances: Using Visual Methods with Children”. Visual Anthropology Review, n. 2: 164-178.
DOI : 10.1111/j.1548-7458.2012.01122.x
KULLMAN, Kim. 2012. “Experiments with moving children and digital cameras”. Children’s Geographies, n. 1: 1–16.
DOI : 10.1080/14733285.2011.638174
LEVINE, Robert Alan. 2007. “Ethnographic Studies of Childhood: A Historical Overview”. American Anthropologist, v. 209, n.2: 247-260.
DOI : 10.1525/aa.2007.109.2.247
MAGNANI, José Guilherme Cantor. 2002. “De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49: 11-29.
DOI : 10.1590/S0102-69092002000200002
MANNHEIM, Karl. 1976. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
MEAD, Margaret. 1969. Children, Culture, and Edith Cobb. American Museum of Natural History, New York.
MIGUEL, Luis Felipe. 2015. O nascimento da política moderna: de Maquiavel a Hobbes. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
MONTANDON, Cleópâtre & LONGCHAMP, Philippe. 2007. “Você disse autonomia? Uma breve percepção da experiência das crianças”. Perspectiva, n. 1: 105-126.
MORE, Thomas. 2004. Utopia. Brasília: Editora Universidade de Brasília/Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais.
DOI : 10.7326/0003-4819-127-11-199712010-00005
MÜLLER, Fernanda & FARIAS, Rhaisa Naiade Pael. 2016. “Geographies of contemporary childhoods in Brasilia/Brazil”. Papers infancia_c n. 15: 1-15.
NUNES, Brasilmar Ferreira. 1997. “Fragmentos para um discurso sociológico sobre Brasília”. In: NUNES, B. F. (Org.). Brasília: a construção do cotidiano. Coleção Biblioteca Brasiliense, Brasília, Paralelo 15, pp. 13-35.
________. 2004. Brasília: a fantasia corporificada. Brasília: Paralelo 15.
PAVIANI, Aldo. 2003. “Brasília no contexto local e regional: urbanização e crise”. Revista Território, n. 11-13: 63-76.
PFISTER, Anne E., VINDROLA-PADROS, Cecilia & JOHNSON, Ginger A. 2014. “Together, We Can Show You: Using Participant-Generated Visual Data in Collaborative Research”. Collaborative Anthropologies, n.1: 26-49.
DOI : 10.1353/cla.2014.0005
PINK, Sarah & FORS, Vaike. 2017. “Being in a mediated world: self-tracking and the mind–body–environment”. Cultural Geographies, v.24, n. 3: 375-388.
DOI : 10.1177/1474474016684127
PIRES, Flavia. 2007. “Ser adulta e pesquisar crianças: explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica”. Revista de Antropologia, v.50, n.1, 225-270.
DOI : 10.1590/S0034-77012007000100006
RASMUSSEN, Kim. & SMIDT, Soren. 2003. “Children in the neighbourhood: the neighbourhood in the city”. In: CHRISTENSEN, P.& O'BRIEN, M. (Eds). Children in the city: home, neighbourhood and community. London: FalmerPress. pp. 82-100.
SARAIVA, Marina Rebeca de Oliveira. 2015. Espacialidades da infância: etnografia das redes de relações de crianças ricas na cidade de Fortaleza-CE. Tese de doutorado em Antropologia Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
SIMMEL, Georg. 2005. “As grandes cidades e a vida do espírito”. Mana, n. 2: 577-591.
SOUSA, Emilene Leite de. 2015. “As crianças e a etnografia: criatividade e imaginação na pesquisa de campo com crianças”. Iluminuras, v. 16, n. 38, pp. 140-164.
WARD, Colin. 1978. The child in the city. New York: Pantheon Books.
DOI : 10.1007/BF02694719
WHITING, Beatrice Blyth. 1996. “The Effect of Social Change on Concepts of the Good Child and Good Mothering: A Study of Families in Kenya”. Ethos 24: 3-25.
DOI : 10.1525/eth.1996.24.1.02a00010
WHYTE, William Foote. 2005. Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Rafaela Nunes Marques, Mayume Melo Kanegae, Fernanda Müller, Marta Morgade Salgado
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.