Narrativas de percursos e percursos narrados na superquadra modelo e na Vila do Boa: utopias e distopias em Brasília

Autores

  • Rafaela Nunes Marques Universidade de Brasília
  • Mayume Melo Kanegae Universidade de Brasília
  • Fernanda Müller Universidade de Brasília
  • Marta Morgade Salgado Universidad Autónoma de Madrid

DOI:

https://doi.org/10.11606/s4q30p90

Palavras-chave:

Brasília, infância, utopia, distopia, etnografia

Resumo

O estudo etnográfico explorou contrastes de duas vizinhanças de Brasília distantes 24 quilômetros uma da outra: a superquadra modelo e a Vila do Boa, dando ênfase aos percursos e às narrativas sobre o plano e o vivido. Apresentamos um retrato da vida social de crianças habitantes dos dois contextos, pondo à prova a distância como elemento meramente de diferença. As crianças compartilharam rotinas e experiências a partir de um percurso narrativo por elas guiado em suas vizinhanças, que foi georreferenciado e filmado. Os percursos narrativos foram analisados com base nas noções de utopia e distopia. Noções de distopia foram narradas com respeito à danificação de equipamentos públicos, enquanto noções de utopia foram catalisadas quando trataram de pertencimento ao seu local de moradia. A combinação de uma etnografia urbana e sensorial mostrou potencial para o tratamento de semelhanças e diferenças e, igualmente, possibilitou a compreensão de especificidades de cada contexto.

Biografia do Autor

  • Rafaela Nunes Marques, Universidade de Brasília

    Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília

  • Mayume Melo Kanegae, Universidade de Brasília

    Bacharela em Desenho Industrial e Graduanda em Pedagogia pela Universidade de Brasília

  • Fernanda Müller, Universidade de Brasília

    Doutora em Educação / Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília.

  • Marta Morgade Salgado, Universidad Autónoma de Madrid

    Doutora em Psicologia / Universidad Autónoma de Madrid

    Professora da Faculdade de Psicologia da Universidad Autónoma de Madrid

Referências

ACHUTTI, Luiz Eduardo R. 1997. Fotoetnografia: Um estudo de antropologia visual sobre cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Tomo Editorial.

ARAÚJO, Mara de Fátima. 2009. São Sebastião-DF: do sonho à cidade real. Brasília: Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, UnB.

ArPDF/CODEPLAN/DePHAN, GDF, Brasília. 1991. Relatório do plano piloto de Brasília.

BATESON, Gregory & MEAD, Margaret. 1942. Balinese Character: a photographic analysis. New York: The New York Academy of Sciences.

COELHO NETO, José Teixeira. 1985. O que é utopia? São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense.

CONINCK-SMITH, Ning & GUTMAN, Marta. 2004. “Children and youth in public: making places, learning lessons, claiming territories”. Childhood, Norway, n. 2: 131-141.

DISTRITO FEDERAL. 1998. Decreto n° 19.040, de 18 de fevereiro de 1998. DODF, Brasília, DF.

DURHAM, Eunice Ribeiro. 1986. “A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemas e perspectivas”. In: DURHAM, E. R., A aventura antropológica: teoria e pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra. pp. 17-37.

FREITAG, Barbara. 2002. Cidade dos homens. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

JACOBS, Jane. 1992. The death and life of great American cities. New York: Vintage Books.

DOI : 10.1002/9781119084679.ch4

JOHNSON, Ginger; PFISTER, Anne & VINDROLA‐PADROS, Cecilia. 2012. “Drawings, Photos, and Performances: Using Visual Methods with Children”. Visual Anthropology Review, n. 2: 164-178.

DOI : 10.1111/j.1548-7458.2012.01122.x

KULLMAN, Kim. 2012. “Experiments with moving children and digital cameras”. Children’s Geographies, n. 1: 1–16.

DOI : 10.1080/14733285.2011.638174

LEVINE, Robert Alan. 2007. “Ethnographic Studies of Childhood: A Historical Overview”. American Anthropologist, v. 209, n.2: 247-260.

DOI : 10.1525/aa.2007.109.2.247

MAGNANI, José Guilherme Cantor. 2002. “De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49: 11-29.

DOI : 10.1590/S0102-69092002000200002

MANNHEIM, Karl. 1976. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

MEAD, Margaret. 1969. Children, Culture, and Edith Cobb. American Museum of Natural History, New York.

MIGUEL, Luis Felipe. 2015. O nascimento da política moderna: de Maquiavel a Hobbes. Brasília: Editora Universidade de Brasília.

MONTANDON, Cleópâtre & LONGCHAMP, Philippe. 2007. “Você disse autonomia? Uma breve percepção da experiência das crianças”. Perspectiva, n. 1: 105-126.

MORE, Thomas. 2004. Utopia. Brasília: Editora Universidade de Brasília/Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais.

DOI : 10.7326/0003-4819-127-11-199712010-00005

MÜLLER, Fernanda & FARIAS, Rhaisa Naiade Pael. 2016. “Geographies of contemporary childhoods in Brasilia/Brazil”. Papers infancia_c n. 15: 1-15.

NUNES, Brasilmar Ferreira. 1997. “Fragmentos para um discurso sociológico sobre Brasília”. In: NUNES, B. F. (Org.). Brasília: a construção do cotidiano. Coleção Biblioteca Brasiliense, Brasília, Paralelo 15, pp. 13-35.

________. 2004. Brasília: a fantasia corporificada. Brasília: Paralelo 15.

PAVIANI, Aldo. 2003. “Brasília no contexto local e regional: urbanização e crise”. Revista Território, n. 11-13: 63-76.

PFISTER, Anne E., VINDROLA-PADROS, Cecilia & JOHNSON, Ginger A. 2014. “Together, We Can Show You: Using Participant-Generated Visual Data in Collaborative Research”. Collaborative Anthropologies, n.1: 26-49.

DOI : 10.1353/cla.2014.0005

PINK, Sarah & FORS, Vaike. 2017. “Being in a mediated world: self-tracking and the mind–body–environment”. Cultural Geographies, v.24, n. 3: 375-388.

DOI : 10.1177/1474474016684127

PIRES, Flavia. 2007. “Ser adulta e pesquisar crianças: explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica”. Revista de Antropologia, v.50, n.1, 225-270.

DOI : 10.1590/S0034-77012007000100006

RASMUSSEN, Kim. & SMIDT, Soren. 2003. “Children in the neighbourhood: the neighbourhood in the city”. In: CHRISTENSEN, P.& O'BRIEN, M. (Eds). Children in the city: home, neighbourhood and community. London: FalmerPress. pp. 82-100.

SARAIVA, Marina Rebeca de Oliveira. 2015. Espacialidades da infância: etnografia das redes de relações de crianças ricas na cidade de Fortaleza-CE. Tese de doutorado em Antropologia Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

SIMMEL, Georg. 2005. “As grandes cidades e a vida do espírito”. Mana, n. 2: 577-591.

SOUSA, Emilene Leite de. 2015. “As crianças e a etnografia: criatividade e imaginação na pesquisa de campo com crianças”. Iluminuras, v. 16, n. 38, pp. 140-164.

WARD, Colin. 1978. The child in the city. New York: Pantheon Books.

DOI : 10.1007/BF02694719

WHITING, Beatrice Blyth. 1996. “The Effect of Social Change on Concepts of the Good Child and Good Mothering: A Study of Families in Kenya”. Ethos 24: 3-25.

DOI : 10.1525/eth.1996.24.1.02a00010

WHYTE, William Foote. 2005. Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Downloads

Publicado

2017-12-22

Edição

Seção

Cir-Kula

Como Citar

Marques, R. N., Kanegae, M. M., Müller, F., & Salgado, M. M. (2017). Narrativas de percursos e percursos narrados na superquadra modelo e na Vila do Boa: utopias e distopias em Brasília. Ponto Urbe, 21, 1-29. https://doi.org/10.11606/s4q30p90