Cooperação e trânsito entre as ditaduras argentina e brasileira: o registro de pessoas refugiadas argentinas exiladas no Brasil (1977 – 1979)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2020.171266Palavras-chave:
Ditadura Civil-Militar, Redes de Cooperação e Repressão, Refugiados argentinos, Exílio no Brasil, Arquivos da RepressãoResumo
Resumo: O artigo objetiva analisar os registros dos órgãos de segurança sobre as pessoas refugiadas argentinas que fugiam em direção a seu exílio no Brasil durante o período que compreende os anos de 1977 e 1979. A pesquisa utiliza como fonte o material produzido pelo grupo de trabalho formado durante a ditadura militar brasileira pelos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça, órgãos de informação das forças armadas (CIE, CENIMAR, CISA); e informes do ACNUR que definiam possíveis países de acolhimento para exílio. Analisa-se a documentação como parte constituinte dos “arquivos da repressão”. Abordam-se as redes de cooperação e trânsito entre as ditaduras como responsáveis pela forma de tratamento aos refugiados, e depois exilados, vindos de sociedades que enfrentavam governos ditatoriais. Foram ações determinantes para a política de mobilidade forçada. Discute-se a política sobre a fronteira, apresentando a forma como ocorria o controle de pessoas que transitavam da Argentina para o Brasil, e a recusa de acolhimento de refugiados como uma prática governamental que refletia os interesses das ditaduras.
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